A Organização das Nações Unidas advertiu nesta sexta-feira que metade dos sírios vai precisar de ajuda humanitária até o final de 2013 e lançou o que disse ser o maior apelo de emergência na história para lidar com a crise da guerra civil. “A Síria como civilização está a desfazer-se”, disse o alto-comissário para refugiados da ONU, Antonio Guterres, anunciando o pedido para cerca de 5 bilhões de dólares antes do fim deste ano.
O comunicado conjunto das agências da ONU coincide com combates pesados em várias frentes, enquanto rebeldes atacavam uma base aérea no norte da Síria e forças leais ao presidente Bashar al-Assad buscavam capitalizar sobre suas vantagens recentes. Confrontos também continuaram nas Colinas de Golã, perto da linha de cessar-fogo entre Israel e Síria, um dia depois de rebeldes terem tomado brevemente a única travessia entre os dois inimigos.
A Áustria, um importante contribuinte à missão de monitoramento da ONU no Golã, anunciou na quinta-feira que estava a retirar-se da área por causa da violência, pondo em risco uma operação que tem ajudado a manter a guerra israelo-síria calma por quatro décadas.
O presidente russo, Vladimir Putin, que vem apoiando o governo sírio desde o início da agitação em março de 2011, disse que a Rússia estava pronta para substituir as tropas de paz austríacas. “Mas isso acontecerá, claro, somente se as potências regionais mostrarem interesse, e se o secretário-geral da ONU nos pedir para fazer isso”, disse Putin numa reunião com oficiais russos.
Destacando a escala da crise, agências humanitárias da ONU em Genebra disseram que 10,25 milhões de sírios iriam precisar de ajuda até o final do ano, a um custo de 5 bilhões de dólares. “Os fundos que estamos a pedir são uma questão de sobrevivência para sírios em sofrimento e são existenciais para os países vizinhos que abrigam refugiados”, disse Guterres.
A julgar pelos fluxos atuais de refugiados, as Nações Unidas também preveem que a população de refugiados sírios irá dobrar nos próximos sete meses para 3,45 milhões, dos 1,6 milhão. Os refugiados são abrigados geralmente em acampamentos esquálidos no Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque e Egito. A mídia libanesa divulgou nesta semana que o país poderia tentar suspender o fluxo, preocupado de que a guerra síria provoque ódio sectário ali.
O grupo xiita libanês Hezbollah despejou seus homens na Síria para ajudarem Assad a combater os rebeldes de maioria sunita, desempenhando um papel crucial na captura, no início desta semana, de Qusair – uma cidade em uma rota chave ligando a capital Damasco à costa.
Forças sírias moveram-se nesta sexta-feira para expulsar bolsões remanescentes de resistência ao redor da cidade. O Exército de Assad e os combatentes do Hezbollah devem voltar suas atenções nos próximos dias para as posições rebeldes em torno da cidade de Aleppo, no norte do país.