A população fugia nesta sexta-feira de Mogadíscio, aterrorizada pela ofensiva dos radicais islâmicos contra o governo somali, condenada firmemente pelas Nações Unidas.
Os combates entre as forças governamentais e os rebeldes já deixaram 103 mortos, 420 feridos e 18 mil deslocados em Mogadíscio desde o início da ofensiva, em 7 de maio passado, revelou nesta sexta-feira o ministro da Comunicação, Farhan Ali Mahamud.
O Conselho de Segurança da ONU “reafirma seu apoio ao governo federal de transição como a autoridade legítima na Somália (…) e condena a recente retomada dos combates por parte dos Shebab e de outros extremistas, no que constitui uma tentativa de derrubar a autoridade pela força”. O governo de transição somali, que controla apenas alguns pontos estratégicos de Mogadíscio, substituiu o comandante do Exército, Said Mohamed Hirsi, pelo subchefe da polícia, Yusuf Osman Dhumal.
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) informou hoje que os últimos combates deixaram 30 mil deslocados. Na véspera, rebeldes tomaram posições nas proximidades do Palácio Presidencial e de diversos prédios públicos, ameaçando as forças do governo e da missão de paz da União Africana (Amisom), que tem 4 mil soldados, de Uganda e Burundi.
Esta última ofensiva dos rebeldes, liderados pelo chefe radical Hassan Dahir Aweys contra o presidente muçulmano moderado Sharif Sheikh Ahmed, não tem precedentes. Na interminável guerra civil somali, iniciada em 1991 e marcada por incessantes mudanças de alianças, Aweys e o atual presidente foram aliados quando dirigiram os tribunais islâmicos, que controlavam em 2006 a maior parte do sul e do centro da Somália, incluindo Mogadíscio, antes da derrota para o Exército etíope, no início de 2007.
Ahmed aderiu posteriormente ao processo de reconciliação, patrocinado pela ONU, e foi eleito em janeiro passado. Aweys sempre rejeitou o processo e prometeu lutar até a saída de Amisom.