A Organização Nacional dos Professores (ONP), está preocupada com o crescente registo de casos de assédio sexual da rapariga por parte dos professores nas instituições de ensino, factor que contribui para o recrudescimento da desistência escolar da rapariga.
Esta informação foi dada a conhecer por Maria Paula Helena da Vera Cruz, coordenadora nacional do Comité da Mulher e do Jovem Professor (COMUJOPROF) na ONP, à margem de um curso de capacitação em matéria de abuso de menores, incluindo assédio sexual da rapariga, HIV/SIDA e Direitos Humanos, organizado pela Associação Moçambicana para Promoção da Mulher e Género (PROMUGE), dirigido a cerca de 60 petizes no último fim-de-semana, no posto Admi-nistrativo de Changalane, distrito deNamaacha, na província de Maputo.
Segundo Da Vera Cruz, o assédio da rapariga nas escolas moçambicanas está a propiciar a desistência escolar em massa desta camada social, devido à gravidez precoce por um lado e pelo facto de alguns encarregados de educação nas zonas rurais proibirem as filhas de continuarem com os estudos quando atingem a adolescência, supostamente por temerem que estas sejam assediadas e abusadas pelos professores.
Outro problema que constitui motivo de preocupação do COMOJOPROF, de acordo com Da Vera Cruz, é o crescente número de professores suspensos e expulsos das suas actividades em conexão com casos de assédio e abuso sexualda rapariga nos estabelecimentos de ensino. “Achámos que o professor é um recurso preponderante na formação do homem do amanhã, em especial, da rapariga, por esta razão, estamos profundamente preocupados com os casos de professores que ficam proibidos de leccionar por se envolverem em casos de assédio sexual da rapariga” frisou, para logo de seguida dizer que decorre a nível do Ministério da Educação e Cultura (MEC), um levantamento para o apuramento do número exacto de professores que se encontram em situação similar.
Para contornar estes constrangimentos a fonte explicou que a ONP, através do comité que dirige, está a envidar esforços em parceria com as entidades governamentais, para encontrar melhores caminhos com vista a tornar o professor o protector da rapariga contra o assédio de modo a que esta se sinta incentivada a prosseguir com os estudos.
Dos esforços levados a cabo para minimizar a problemática da rapariga e do professor nas instituições escolares, apontou a criação de pelo menos seis comités provinciais para o atendimento da rapariga, nomeadamente, nas províncias de Nampula, Norte do país, Manica e Tete, Centro, Gaza e Maputo na zona Sul, tendo sublinhado na ocasião que as províncias de Nampula, Maputo têm disponíveis comités a nível de todos os distritos. “Presentemente estamos a trabalhar incansavelmente com vista a garantir que até ao mês de Junho próximo todas as províncias do país tenham comités provinciais e distritais em funcionamento”, frisou.