Organizações ambientais moçambicanas e britânicas exigem que o Governo moçambicano assegure “a independência” das investigações anunciadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao alegado envolvimento do ministro da Agricultura no contrabando de madeira em Moçambique.
A PGR moçambicana anunciou recentemente uma investigação às acusações da organização não-governamental britânica Agência de Investigação Ambiental (EIA na sigla em inglês) de que o ministro moçambicano da Agricultura, José Pacheco, está envolvido no contrabando de madeira de Moçambique para a China.
A investigação da EIA apresenta gravações ocul- tas de depoimentos de em- presários do sector da madeira, nas quais, um deles, de nacionalidade chinesa, diz ter dado dinheiro a José Pacheco pelo seu papel de “facilitador” na exportação de madeira traficada para a China.
Na semana passada, falando no parlamento, em Maputo, o ministro mo- çambicano da Agricultura refutou as acusações e manifestou a sua disponibilidade para colaborar com as investigações relacionadas com o alegado contrabando de madeira.
Em comunicado distribuído esta Quarta-feira em Maputo as organizações moçambicanas Justiça Ambiental, Centro Terra Viva e Centro de Integridade Pública e a britânica EIA exigiram que o Governo respeite a independência da PGR na averiguação dos factos imputados a José Pacheco.
“As organizações da sociedade civil moçambicana e a EIA exigem que o Governo moçambicano assegure a independência da investigação anunciada pela PGR sobre as alegações mencionadas no referido relatório sobre o contrabando de madeira”, diz a nota de imprensa. Exortam, ainda, as autoridades moçambicanas a impedir “qualquer interferência” no trabalho que a justiça vai levar a cabo visando o apuramento da verdade.
“As quatro organizações exigem que o Governo tome medidas imediatas em relação às divergências verificadas entre os dados de exportação de madeira em toro e serrada de Moçambique para a China e os dados de importação destes mesmos produtos registados pelas autoridades chinesas”, diz ainda o comunicado.
O executivo moçambicano é ainda instado a cooperar com a comunidade internacional no estancamento da “exploração ilegal e contrabando desenfreado de madeira”.