As medidas de luta contra o aquecimento global representam risco tão grande para os povos indígenas do mundo quanto as próprias mudanças climáticas, advertiu a organização de defesa dos povos indígenas Survival International em um relatório publicado na segunda-feira.
O estudo, entitulado “A verdade mais inconveniente: mudanças climáticas e povos indígenas”, a organização exige que os povos indígenas sejam “plenamente incluídos” nas decisões e “que seus direitos territoriais sejam devidamente respeitados e garantidos”. O relatório indica que “os povos indígenas, que são os menos responsávis pelas mudanças climáticas, são os mais afectados por este fenômeno; seus direitos são violados e suas terras devastadas em nome de medidas tomadas para detê-lo”, destacou em um comunicado Stephen Corry, director da Survival International.
Para Corry, governos e empresas usam a bandeira do combate ao aquecimento global para “planejar um gigantesco roubo de terras. E, como de costume, quando há objectivos financeiros e grandes lucros à vista, os povos indígenas não têm voz”. A Survival International destaca quatro medidas de combate às mudanças climáticas que ameaçam estas populações: a produção de biocombustíveis e energia hidroelétrica, que “fraquentemente tomam terras ancestrais” e expulsam seus habitantes – como ocorre com os índios guaranis no Brasil-, a conservação das florestas e a compensação das emissões de dióxido de carbono (CO2). “Com a instauração do imposto sobre o carbono, as florestas dos povos indígenas têm agora um grande valor mercantil”, afirma a organização.