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Obras avançam em bom ritmo

Obras avançam em bom ritmo

Ponte sobre o Zambeze

Com a construção da ponte de Caia, sobre o rio Zambeze, vislumbra-se uma luz ao fundo do túnel rumo ao desenvolvimento sócio-económico e cultural de Moçambique. Em meados de 2009, com a nova estrutura em funcionamento, as regiões Sul, Centro e Norte estarão completamente ligadas por via terrestre através da Estrada Nacional Nº 1 (EN1).

 

 

Efectivamente, as obras de construção da ponte sobre o rio Zambeze, que estabelecerá a ligação entre as regiões de Caia, na província de Sofala, e Chimuara, na Zambézia, na Estrada Nacional número um (EN1), entram dentro em breve numa fase considerada derradeira, consistindo esta na edificação de tabuleiros, directamente nos pilares já erguidos no leito. De facto, são duas frentes de construção de tabuleiros, tendo a primeira começado na chamada ponte de aproximação, que já possui 16 tramos, correspondentes a 882 metros já erguidos. Deste modo, considera-se que as obras desta empreitada de grande envergadura atingiram já 70% de execução, um nível bastante satisfatório, de acordo com Elias Paulo, director do gabinete criado para o efeito.

 

Na construção de tabuleiros na ponte de aproximação foi colocada uma estrutura metálica móvel, designada por viga de lançamento. A ponte terá 2,3 quilómetros de comprimento, 16 metros de largura, duas faixas de rodagem com 3,6 metros cada, duas bermas com 2,5 metros cada e dois passeios com 1,9 metros. Note-se ainda que esta infra-estrutura está dividida em duas partes, nomeadamente a chamada ponte de aproximação, na margem sul do rio Zambeze, localizada no lado de Caia, na província de Sofala, que terá 29 pilares, numa extensão de 1.600 metros, e a designada ponte principal situada no leito do Zambeze, com seis pilares.

 

“O montante global de custo está orçado em 78.657.225,90 euros, comparticipados pela União Europeia (25 milhões), Itália (20 milhões) e Suécia (18 milhões). Para além deste financiamento, o Governo do Japão desembolsou um montante de nove milhões de dólares, para actividades complementares.”

O consórcio Mota-Engil/Soares da Costa, que ganhou o concurso internacional para a execução da empreitada, prevê ter a obra concluída em meados de 2009. Recorde-se que o montante global de custo está orçado em 78.657.225,90 euros, comparticipados pela União Europeia (25 milhões), Itália (20 milhões) e Suécia (18 milhões). Para além deste financiamento, o Governo do Japão desembolsou um montante de nove milhões de dólares, para actividades complementares.

“A fase de construção de tabuleiros é descrita como sendo crucial, dado que revela a estrutura física da ponte propriamente dita”, disse há dias em entrevista ao @ VERDADE, o director do projecto da construção da ponte, Elias Anlauré Paulo, garantindo que as obras estão a decorrer satisfatoriamente. De acordo com a fonte, a construção de tabuleiros será feita em simultâneo com a edificação dos 35 pilares que ainda faltam para suportar a plataforma por onde transitarão os automobilistas e peões, quando a ponte estiver pronta.

“Deste modo, todas as frentes inerentes àquela empreitada estão em curso, pois tudo foi feito de modo a que nenhuma obra pare”, explicou Elias Paulo, dando o exemplo da construção de tabuleiros e pilares, tanto na ponte de aproximação, como na ponte principal, no leito do rio Zambeze.

“Temos de imprimir uma forte dinâmica de trabalho, pois o que se pretende é que sejam cumpridos os prazos de conclusão da empreitada em meados do ano 2009”, sublinhou. Para ganhar tempo, a direcção do projecto decidiu que os trabalhos prosseguissem também no período nocturno, tendo-se, para o efeito, formados turnos de modo a garantir que os mais de 300 trabalhadores, maioritariamente nacionais, laborem alternadamente, segundo o horário estabelecido.

Conforme observámos, a azáfama, envolvendo operários e técnicos especializados, é grande. Quem hoje passa pela estrada pode observar, a olho nu, os progressos da obra. O sonho de muitos anos vai-se, paulatinamente, tornando realidade.

 

TRABALHADORES EM PLENA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Efectivamente, trezentos trabalhadores não parece um número exagerado para uma obra desta envergadura. “Quero realçar que obras deste tipo são extremamente mecanizadas. Por exemplo, a movimentação da viga de lançamento é automática e não há muita intervenção humana, o que faz com que a de mão-de-obra seja reduzida”, esclarece Elias Paulo. De acordo com Paulo, os trabalhadores também estão em plena formação técnico-profissional. Os trabalhadores por nós contactámos consideram que o projecto está a proporcionarlhes uma dupla vantagem: para além dos vencimentos estão numa constante formação técnico- profissional, quanto executam trabalhos práticos, pois a maioria encontra-se pela primeira vez a lidar com este tipo de empreitada.

Fonseca Paulo Duarte, um dos trabalhadores entrevistados, afirmou: “Estou a ter dupla vantagem, porque recebo salário e aprendo a construir pontes, coisa que nunca imaginei algum dia fazer.” Bernadito João Alfazer, outro trabalhador, assegurou que com esta experiência estará, em qualquer altura, habilitado para trabalhar em qualquer empresa de construção civil, sobretudo nas que estão ligadas à construção de pontes.

 

IMPACTO NA REGIÃO

José Cuela António, administrador do Governo de Caia, considera que as obras de construção da ponte estão a decorrer num ritmo satisfatório, apesar de terem sido afectadas pelas recentes cheias no vale do Zambeze. “Notamos que a direcção do projecto da construção da ponte do Zambeze e o empreiteiro estão empenhados, e já se notam sinais da ponte propriamente dita, com a construção de pilares e tabuleiros, ou seja, a plataforma, por onde passarão as viaturas”, disse satisfeito, após visita às obras. Cuela afirmou que o projecto está a ter um impacto muito positivo na zona, pois, para além dos postos de trabalho criados, acaba por ser um chamariz para alguns investidores, embora de pequena dimensão. “Começamos a ver aqui no distrito, pessoas a solicitarem talhões para construção de unidades hoteleiras, o que é muito bom sinal, porque irá permitir o desenvolvimento socioeconómico do nosso distrito”, sublinhou. Cuela apontou o caso de um motel que está em construção. Com capacidade para 20 quartos, o estabelecimento hoteleiro vai ser uma mais-valia para a sua região, tendo em conta as experiências vividas aquando das recentes inundações, onde se verificou um problema sério de hospedagem. “Portanto, há todo um movimento à volta da ponte”, concluiu o administrador.

 

 

A ponte deverá ser igualmente uma atracção turística na região. Com esse fim, as autoridades governamentais de Caia começaram já a atrair os empresários, sobretudo aqueles que estão voltados para o turismo, tendo em conta que a própria ponte vai servir de monumento, depois da conclusão das obras de construção. “Apostamos nisto porque pensamos que, na sequência da modernidade com que está a ser aqui erguida, muita gente estará interessada em visitar a ponte”, realçou Cuela, explicando que um dos alicerces antigos não foi deitado abaixo, propositadamente.

 

“ Nos princípios da década de 70, é concebido, pelo falecido engenheiro Edgar Cardoso, o Projecto da Ponte do Zambeze, tendo as obras se iniciado em 1976, isto é, logo após à independência nacional.
As mesmas, no entanto, viriam a ser interrompidas em 1978, devido à eclosão da guerra civil entre a Renamo e a Frelimo”

 

 

O referido alicerce está localizado na margem de Caia, porque o novo projecto da ponte alterou a estrutura, visto que estão a ser construídos novos encontros. “Precisamos de fazer um miradouro, porque através deste alicerce, as pessoas vão poder observar a ponte e a paisagem da toda a zona em volta”, referiu Elias Paulo.

“Estou em crer também que a ponte poderá ser uma atracção quando ocorrerem as cheias. Muita gente poderá apreciar, encantada, do tabuleiro o caudal do rio completamente cheio e com toda a sua pujança.”

 

HISTORIAL

No que diz respeito ao historial da estrutura, soubemos em Caia que os primeiros estudos para edificação da infraestrutura foram realizados na década de 60, pelo então Laboratório de Análise de Materiais e Mecânica dos Solos, hoje designado por Laboratório de Engenharia de Moçambique. E, nos princípios da década de 70, é concebido, pelo falecido engenheiro Edgar Cardoso, o Projecto da Ponte do Zambeze, tendo as obras se iniciado em 1976, isto é, logo após à independência nacional. As mesmas, no entanto, viriam a ser interrompidas em 1978, devido à eclosão da guerra civil entre a Renamo e a Frelimo e, apesar dos constrangimentos havidos, o Governo sempre priorizou a construção daquela importante infra-estrutura. Por isso, logo após à assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP), em 1992, o Executivo redobrou os seus esforços junto dos principais parceiros de cooperação, no sentido de obter financiamentos para a edificação da ponte, mas apenas o Governo da Suécia mostrou interesse pela obra. Concluiu-se, então, que era necessário elaborar um estudo de viabilidade técnica e económica, devendo-se nele indicar o tipo de ponte a construir, visto que o desenvolvimento das tecnologias de construção seguramente estariam obsoletos já que o projecto contava com mais de 40 anos. O seu custo aproximado deveria ser também orçamentado.

Deste modo, o estudo de viabilidade da ponte sobre o rio Zambeze foi executado com o financiamento da Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional, tendo sido o relatório entregue ao Governo de Moçambique em Julho de 2001. Refira-se que logo após à assinatura do AGP, o Governo definiu como objectivos complementares a reabilitação das estradas de acesso à zona da ponte, nomeadamente a estrada Centro/Nordeste, que compreende o troço Inchope-Gorongosa- Caia, na margem sul, nas províncias de Sofala e Manica, e a estrada rio Zambeze- Nicoadala, na margem norte, na província da Zambézia.As obras de construção da estrada Inchope-Gorongosa-Caia, com cerca de 300 quilómetros, foram concluídas em Dezembro de 2002, e a via de acesso que parte do rio Zambeze para Nicoadala, numa extensão de 165 quilómetros, foi concluída em Junho de 2001.

ACIDENTES

Quanto a acidentes, há a destacar a morte de dois operários e os ferimentos graves num terceiro, na consequência do desabamento de um dos quatro silos de cimento para a produção de betão ocorrido o ano passado.

Elias Paulo referiu ainda que registou-se outro acidente quando uma escavadora caiu dentro do rio na sequência das cheias, embora este desastre não tenha causado danos humanos. “À excepção da queda do silo, não temos, felizmente, nenhum incidente grave registado no decurso desta empreitada.”

 

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