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Paul Newman (1925/2008) – 83 anos

Paul Newman (1925/2008) - 83 anos

Apagou-se aquele azul. O olhar transparente de Paul Newman rendeu-se, no último sábado, à força do cancro no pulmão que o enfraquecia há algum tempo. Durante anos foram os olhos mais badalados de Hollywood. Newman não ficou somente célebre pelo seu trabalho na Sétima Arte mas também pelo seu activismo político, a sua generosidade filantrópica e a sua paixão pela velocidade – chegou a ser piloto de automóveis. Em Agosto passado, quando pressentiu que a morte estava para muito breve, decidiu abandonar o hospital e o tratamento médico para desfrutar da intimidade dos últimos dias rodeado da família e dos amigos na sua casa de campo de Westport (Connecticut), local onde veio a falecer. Contava 83 anos.

Efectivamente, em 1958, o mundo saboreou, em todo o seu esplendor, os olhos de Newman quando a chegada da cor a Hollywood permitiu encher de azul o ecrã na película “O mercador de almas”. Aquele filme, o sexto da sua carreira, com o qual venceu o prémio de melhor actor no festival de Cannes, proporcionoulhe também o encontro com a actriz Joanne Woodward, que se converteria, pouco depois, na sua segunda mulher. Newman emparceirou com Joanne em11 filmes, dirigindo-a ainda em quatro. Numa indústria em que é fácil deixar-se seduzir com quem se contracena, Newman também foi original, chegando a afirmar: “Se tenho um excelente bife em casa porque hei-de comer um hambúrguer?”, gracejou, já nos anos 90, a respeito das tentações com quem trabalhou. E não foram poucas! Efectivamente, Newman contracenou com as melhores actrizes da sua geração, desde Elisabeth Taylor em “Gata em Telhado de Zinco Quente” até Lauren Bacall em “Harper”. Mas a parelha com que fez mais sucesso não era do sexo oposto. O western “Dois homens e um destino” converteu, em 1969, a dupla Paul Newman e Robert Redford num fenómeno comercial, algo que se viria a repetir em 1973 com o filme “A Golpada”, outro clássico daquela época, onde os dois voltavam a vestir a pele de personagens marginais que, aliás, Newman buscaria sempre como fuga aos papéis de galã.

 

Nascido no dia 26 de Janeiro de 1925, em Cleveland (Hoio), Newman deu os seus primeiros passos como actor na Broadway e na televisão, contudo no seu primeiro filme “Cálice Sagrado” frustrou-o tanto que quando o filme estreou, Newman comprou uma página inteira do “Los Angeles Times” e escreveu: “Paul Newman pedevos desculpa por cada noite desta semana”.

No princípio dos anos 60, saturado do sucesso, fugiu de Hollywood, instalando-se na costa leste. “Só quando te afastas da Califórnia é que aprendes a levar-te a sério”, diria como justificação. Ao afastar-se do estrelato acercou-se da realidade. Empenhou-se na luta pelos direitos civis, manifestando-se activamente contra a guerra do Vietname, ganhando uma guerra para a vida com o presidente Nixon.

Aborrecido com o cinema descobriu uma nova paixão: as corridas de automóvel que conheceu bem a fundo no filme “Winning”, em 1969. Demorou cinco décadas para conseguir o seu primeiro Óscar. Foi um 1986 pela sua carreira cinematográfica. Finalmente, em 1987, conseguiu-o pelo seu desempenho em “A Cor do Dinheiro” dirigido por Martin Scorsese.

Na hora da sua morte, Robert Redford, o seu melhor amigo no cinema, resumiu assim o sentimento que lhe ia na alma: “Perdi um verdadeiro amigo. Com sua presença ele melhorou a minha vida e a deste país.”

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