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Lou Reed, “mestre” do rock que revolucionou o estilo

Lou Reed, músico pioneiro que liderou a influente banda The Vevelt Underground e fez grande sucesso com músicas solo como “Walk on the Wild Side” e “Perfect Day”, morreu, domingo (27), aos 71 anos. Reed, cuja banda fundiu música e arte em colaboração com o apoiante de primeira hora, o artista pop Andy Warhol, morreu na casa que mantinha com a esposa, Laurie Anderson, em Long Island, na área metropolitana de Nova York, depois de complicações decorrentes de um transplante de fígado, disse o seu agente literário, Andrew Wylie.

“Acho que Lou foi tão grande quanto é possível a um artista ser”, disse Wylie. “É uma grande perda.” Formada em meados dos anos 1960 por Reed e pelo músico John Cale, nascido no País de Gales e com formação em música clássica, como um experimento de vanguarda no rock, The Velvet Underground ganhou a atenção de Warhol assim que chegou à cena noturna de Nova York.

Apesar de a banda nunca ter atingido grande sucesso comercial, revolucionou o rock nos anos 1960 e 1970 com uma mistura de violentas batidas de guitarra e melodias suaves cantadas por Reed ou pela modelo alemã Nico.

The Velvet Underground há muito é reconhecida como uma das principais inspirações musicais da arte punk e do rock, como ficou expresso numa citação atribuída ao músico britânico Brian Eno: “O primeiro álbum do Vevelt Underground vendeu apenas 10 mil cópias, mas todos que compraram formaram uma banda.”

O colega rock de vanguarda David Bowie, que ajudou a produzir o segundo álbum solo de Reed e é apontado como um dos seus maiores herdeiros musicais, postou uma foto na sua página no Facebook na qual os dois astros estão juntos, acompanhada de uma homenagem ao velho amigo: “Ele foi um mestre”.

Cale, que tocava baixo, órgão e viola no Velvet e tinha uma relação conturbada com Reed disse na sua página no Facebook: “O mundo perdeu um óptimo compositor e poeta… Perdi meu amigo de colégio”. Reed e Cale colocaram as suas diferenças de lado para lançar um álbum em tributo a Warhol em 1990 chamado “Songs for Drella”.

O disco levou a um punhado de apresentações que reuniram os membros originais do Vevelt Underground no início dos anos 1990. A conta oficial do músico Iggy Pop no Twitter disse que a notícia da morte de Reed foi “devastadora”, enquanto o músico Kim Gordon, a banda Sonic Youth, tuitou: “Tão triste em saber do falecimento de Lou Reed, isso é um grande choque!”

Alcoólatra assumido e usuário de drogas por muitos anos, Reed foi submetido a um transplante de fígado este ano em Cleveland, depois cancelar uma série de shows marcados para Abril na Califórnia. “Sou um triunfo da medicina moderna”, publicou Reed na sua página na Internet a 1 de Junho, sem fazer referência directa ao transplante. “Estou ansioso para subir ao palco para me apresentar, e escrever mais canções para me conectar aos corações e espíritos e ao universo futuro adentro.”

Letras que chocaram

Reed tem sido amplamente creditado por expandir o léxico do rock’n’roll em letras provocativas sobre androginia, sexo ilícito e abuso de drogas, notavelmente na música “Heroin”, na qual declara “It’s my wife, and it’s my life” (“É minha mulher e é minha vida”, em tradução livre). “Walk on the Wild Side”, cativante faixa do seu segundo álbum solo, “Transformer”, co-produzido por Bowie, tornou-se o único single de Reed a figurar na lista das 20 mais tocadas, embora tenha na letra referências a transexualidade, drogas e prostituição masculina.

Do mesmo modo, “Sister Ray” – uma pancada de distorções de guitarra com 17 minutos – combina histórias de marinheiros, sexo oral, assassinato, uso de drogas intravenosas com o misterioso personagem título. “Nunca em um milhão de anos pensei que as pessoas pudessem ficar insultadas pelo que eu fazia”, disse Reed numa entrevista de 1989 para a revista Rolling Stone.

“Você pode ir a sua livraria de bairro e encontrar tudo aquilo.” Sua persona no palco, que muitas vezes usava uma coleira e maquiagem nos olhos, abriu caminho para Bowie e outros artistas levarem estilos de sexualidade ambivalente a um público mais amplo.

Incluído no Hall da Fama do Rock and Roll em 1996 como membro do The Vevelt Underground, Reed foi convertido numa espécie de estadista do rock, uma figura de destaque num clube que inclui lendários companheiros como Bob Dylan e Neil Young. Reed foi casado três vezes, a última vez com a artista perfomática Laurie Anderson em 2008, e em anos recentes interessou-se por exposições sobre sua obra.

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