A morte, sempre inoportuna, mais uma vez surpreendeu-nos ao devorar um dos nossos irmãos. Faleceu, no passado 15 de Outubro de 2012, João Marques de Almeida Mendes, um dos primeiros presos políticos pelo sistema português, pelo seu envolvimento nos movimentos nacionalistas moçambicanos na luta pela liberdade do nosso povo.
Os seus amigos e familiares – em número muito reduzido – despediram-se dos seus restos mortais, cuja cremação foi realizada no Cemitério Hindu, no dia 18 do mês em curso.
Em nosso poder, presentemente, há muito pouca informação acerca de João Mendes. Sabe-se, porém que, além de autor da obra poética “Ser”, ele foi um dos primeiros presos políticos pelo sistema português – na altura em que iniciaram as primeiras reivindicações nacionalistas, através dos movimentos literários, a par de personalidades como Rui Knopfli, Noémia de Sousa, Rui Nogar, o seu irmão Orlando Mendes – por se ter aliado ao referido grupo.
Num artigo intitulado “Uma voz fundadora na literatura moçambicana: a poética negra pós-colonial de Noémia de Sousa”, Anselmo Peres Alós, doutorado em literatura comparada, cita o escritor moçambicano, Nelson Saúte, para considerar que “graças a João Mendes, irmão do poeta moçambicano Orlando Mendes, Noémia passou a conviver com outros escritores da sua geração, tais como Ruy Guerra e Ricardo Rangel.
João Mendes não escrevia, mas, em contrapartida, não poupava esforços no sentido de congregar a inteligentzia moçambicana que, àquela altura, começava a construir a resistência ao colonialismo lusitano: devido aos seus esforços, João Mendes conseguiu pôr em diálogo os poetas da Polana ?aristocrática? e da empobrecida Mafalala, actividade que acabou por lhe render a deportação”.
João Mendes nasceu no dia 07 de Julho de 1926.
Paz à sua alma!