Conheci o Alvarito de Carvalho na redacção do semanário Savana, onde trabalhámos juntos, entre 2001 a 2005, se não me falha a memória.
Nesse período, vi o desabrochar das suas virtudes de um incansável repórter. Voltaria a cruzar-me com ele no Zambeze, para onde ele migrara, há cerca de uma década. Um facto marcante: No dia 01 de Maio de 2008 fui co-autor de uma matéria que fez manchete neste semanário, com os colegas Fernando Veloso e Alvarito Carvalho, em que questionávamos uma bizarrice de um “erro da constituição de 1975” feita pela omnipotente Frelimo e, a figura no centro do furacão era nada mais, nada menos que Luísa Diogo, então primeira-ministra.
No dia seguinte, portanto, 02 de Maio, uma sexta-feira, uns solícitos funcionários da Procuradoria-Geral da República (PGR) da Cidade de Maputo chegavam à sede do Zambeze com as notificações para que na segunda-feira, dia 05, estivéssemos lá SEM FALTA.
No fim-de-semana que antecedeu a nossa audiência, a Comissão Política (CP) do partido dos “camaradas” estivera reunida e disso o jornal “Domingo” dera conta. O tema de capa que deu azo para que fôssemos intimados tinha sido motivo de discussão e, lá se reafirmou “o apoio da CP à camarada primeira-ministra”.
Na PGR fomos tomar conhecimento de que éramos acusados pelo ministério público de “ATENTADO CONTRA A SEGURANÇA DO ESTADO “!!! Em Agosto desse ano fomos julgados. O tribunal que nos julgou sentenciou uma pena de seis meses de prisão convertidos em multa.
Caiu, entretanto, por terra a acusação de atentado à segurança do Estado e o pedido de indemnização do Ministério Público. O julgamento foi realizado à porta fechada mas a leitura da sentença foi pública, muito embora não tenha sequer sido permitido aos jornalistas presentes tomarem notas enquanto este decorria.
Durante essa travessia, vi um Alvarito não abalado com o processo, pois tinha a forte crença de que estamos a prestar um serviço público, de valor noticioso. Alvarito de Carvalho deixa um legado de busca incessante da verdade, típico dos repórteres de mão cheia que incomodou poderes tentaculares.