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Mais corpos encontrados ao abandono no centro de Moçambique

Após as autoridades moçambicanas terem mandado enterrar mais de uma dezena de corpos encontrados no distrito de Macossa, na província de Manica, sem realizar autópsia, nem apurar a identidade das vítimas e tão-pouco as causas da morte, mais cinco corpos foram achados “ao abandono na mesma região, por um grupo de jornalistas da France Presse (AFP) e Deutsche Welle (DW), aumentando para vinte o número de cadáveres ali descobertos”, e sobre os quais tem havido bastante ruído.

Informações postas a circular por vários órgãos de comunicação social nacional e estrangeira dão conta de que ao todo foram encontrados 15 corpos, em Maio último, e sepultados sem autópsia alegadamente porque estavam em avançado estado de decomposição. Contudo, mais tarde, o Governo veio a público afirmar que em Macossa foram encontrados 13, para na semana finda aparecer com uma nova versão de que eram 11.

Em relação aos últimos cadáveres, segundo a AFP, “a partir da berma da estrada”, um cheiro forte infestava as proximidades. Trata-se, por sinal, do “local onde há um mês já tinham sido identificados pela Lusa e DW quatro cadáveres abandonados no mato”, esclarece a agência portuguesa de informação, que o Ministério da Justiça Assuntos Constitucionais e Religiosos pondera incriminar por ter veiculado, em primeira mão, a notícia sobre uma presumida existência da vala comum no posto administrativo de Canda, distrito de Gorongosa, província de Sofala.

“Na Zona 76, o suposto local da vala comum, todos têm muito medo de falar sobre isso”, prossegue o texto da AFP, recordando que as autoridades moçambicanas negaram a denúncia feita pelos camponeses, de acordo com a Lusa.

Refira-se que Édson Macuacua, presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e Legalidade da Assembleia da República (AR), disse a jornalista em Sofala que das investigações feitas concluiu-se que de forma “forma categórica, inequívoca e definitiva que não há uma vala comum em Canda”.

Por sua vez, o secretário-geral da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLN), Fernando Faustino, deixou transparecer que se dependesse de si o delegado da Lusa, Herinque Botiquilha, arrumaria “as suas malas e sair de Moçambique”, por ter veiculado que existe uma vala comum com 120 corpos em Gorongosa.

Quem não quis ficar atrás é também a governadora de Sofala, Helena Taipo, ao considerar que aquele órgão de comunicação social denegriu a imagem de Sofala, tendo sugerido que indicasse as suas fontes, o que é contra o preceituado na Lei de Imprensa moçambicana e demais normas que impõem a preservação das fontes.

Aliás, as autoridades moçambicanas, sobretudo a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e Legalidade da Assembleia da AR parecem ter esquecido de que a cadeia de televisão internacional Al-Jazeera também difundiu o mesmo assunto e deslocou-se ao sítio onde foram localizados cadáveres abandonados e, três semanas após terem sido descobertos, ainda havia restos humanos à superfície, segundo indicou a Lusa.

As imagens da reportagem da Al-Jazeera mostraram vestígios dos cadáveres visíveis, incluindo uma caveira e larvas sobre restos humanos. “Apesar de as autoridades moçambicanas terem anunciado que os corpos foram enterrados, as imagens exibem uma sepultura colectiva feita com uma pequena camada de terra sobre cadáveres, sem os tapar por completo”.

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