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O renascer da locomotiva

O renascer da locomotiva
Pernas pesadas, músculos desgastados, mas lucidez absoluta. Este Ferroviário paga o preço alto da exigência de Chiquinho Conde, mas parece saber bem o que quer. O triunfo por 2-0 frente ao Maxaquene – golos de Luís – somando duas vitórias consecutivas, confirma haver um rumo consciente traçado na Machava. Resta saber se a equipa terá qualidade para se manter no trilho delineado pelo novo técnico.

Os primeiros apontamentos nesstes dois jogos, que não passam disso mesmo, são bons. Antes de mais, a equipa sabe o que fazer no posicionamento defensivo. Faz poucas faltas, cobre bem os espaços, a linha média está mais coesa (Wisky, Hagy e Danito) é forte fisicamente e um apoio importante aos dois centrais (Tony Gravata e Jotamo) a defender. 
Mas o menos complexo na edificação de uma nova forma de estar numa equipa que precisava de elevar os índices de confiança, depois de duas derrotas consecutivas e mudanças significativas no comando técnico é, precisamente, esta parte: fazer com que defenda razoavelmente e seja organizada. O mais problemático, e aí Chiquinho Conde terá de ser mais paciente, é harmonizar os movimentos ofensivos, fazer com que cada atleta saiba o que pode ou não fazer, onde pode ou não ir. E aí o Ferroviário tem claramente ainda muito a crescer. 
A importância de Danito
 
No futebol é a ganhar que se adquire confiança. É assim, de facto. Estas duas vitórias consecutivas foram importantes para a equipa e não vale a pena relativizá-las. Ganhar ao Maxaquene motiva e solidifica o campo mental da equipa. Nessa perspectiva, os golos de Luís musculam o torso desta locomotiva. 
O Ferroviário, já se disse, dispensou os serviços de Paulo Camargo e Chiquinho teve de assumir o leme da equipa. De qualquer forma, Chiquinho apostou nos mesmos jogadores que o seu antecessor mantendo-se o losango e a filosofia. 
Muita posse e circulação de bola, muitos ataques pelas alas, muita segurança nas transições, pouco risco antes do último terço do terreno. Esses são os mandamentos de Chiquinho, cuja cartilha segue à risca os argumentos apresentados enquanto jogador. 
E aqui, neste sistema, a influência de Danito Parruque é enorme. O mágico parece mais leve, mais solto, como raramente se viu no escalonamento de Camargo. 

A ditadura de Luís
 
Dois golos num jogo, confiança em alta. Luís começa a segunda volta com autoridade ditatorial, quase como quem diz ainda posso apresentar o nível da época passada. A primeira meia hora frente ao Maxaquene foi avassaladora, sem dúvida. Além do primeiro golo, o conjunto esteve afinado e concentrado. Depois, passou a ser mais expectante e conseguiu o golo da tranquilidade. 
Falta um central
Há qualquer coisa neste Ferroviário que empolga. Ganhar por 2-0 ao Maxaquene num jogo que poderia ter acabado com um resultado muito mais volumoso ajuda, claro, mas, mesmo que o resultado tivesse sido outro, era impossível negar os méritos da equipa de Chiquinho Conde. Do meio-campo para a frente, o Ferroviário é uma equipa que tenta jogar depressa, com muitas movimentações e quase sempre ao primeiro toque. É de futebol assim que o povo gosta. 
Falta ainda solidez defensiva e, esse sim, será o grande trabalho de Chiquinho (já que o meio-campo respira solidez quando a bola chega aos pés de Wisky) de como colocar o reduto mais defensivo a lutar pela posse de bola. Parece cada vez mais claro que a equipa precisa urgentemente de um grande central. Resta saber se o Ferroviário tem nas suas fileiras um jogador que pode vir a dar o equilíbrio de que o conjunto necessita. 
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