A partir de hoje, nesta página, passamos a publicar textos sobre os instrumentos musicais do nosso país. Regularmente iremos discorrer, de norte a sul de Moçambique, sobre uma verdadeira riqueza cultural, que é consubstanciada por uma imensa diversidade destes instrumentos, através dos quais se vão manifestar os mais profundos sentimentos de um povo.
A música moçambicana possui uma grande riqueza e diversidade até hoje pouco conhecidas. O desenvolvimento da música do nosso país, tem necessariamente de passar por um estudo e reflexão por parte dos próprios artistas e músicos, pois que a transformação e evolução da nossa música, não pode obedecer exclusivamente a padrões ocidentais (adopção de escala musical, arranjos harmónicos, etc.), na medida em que a aplicação mecânica destes padrões irá destruir, em muitos casos, a sua originalidade e riqueza.
Os trabalho que aqui vamos publicar são parte do resultado do levantamento efectuado por milhares de moçambicanos anónimos, que se engajam na reflexão sobre as suas manifestações culturais, no âmbito da Campanha de Preservação e Valorização Cultural.
Aqui iremos seleecionar os principais instrumentos musicais existentes em Moçambique.
Pankwe
O PANKWÉ é um instrumento que possui várias cordas ou fios dedilhados, cujo som é aumentado por uma caixa de ressonância normalmente feita de cabaça.
Coloca-se um fio de arame contínuo sobre uma tábua de madeira rectangular, com 6 ou 7 orifícios em cada ponta, por onde entra o fio, de modo a formar 6 ou 7 cordas. Uma das extremidades da tábua penetra numa cabaça ou então, as duas extremidades são colocadas sobre duas cabaças, ficando assim o Pankwé com duas caixas de ressonância.
Para afinar o som das várias cordas, usam-se pequenos pedaços de madeira colocados debaixo de cada uma delas, que o tocador aproxima ou afasta dos orifícios para produzir o som desejado.
Este instrumento está principalmente disseminado entre as populações ajauas e macuas das Províncias de Niassa, Cabo Delgado, Nampula e Zambézia (distrito de Alto Molócuè e Guruè).
Em Tete, no Distrito da Angónia, existem alguns exemplares deste instrumento, que aqui toma o nome de BANGWÈ, e que para lá foram levados por populações ajauas.
O Pankwè é tocado sozinho como forma de entretenimento, sendo normalmente acompanhado pela voz do próprio tocador.