Numa cerimónia simples, mas simbólica e carregada de emoção, foram a enterrar, nesta sexta-feira (28), os restos mortais de Mário Esteves Coluna. “Monstro Sagrado” jaz no espaço nobre do cemitério de Lhanguene.
Milhares de personalidades, entre familiares e amigos, desportistas e governantes, jornalistas, políticos e anónimos, deram o último adeus a Mário Esteves Coluna, um ícone do futebol moçambicano e, sem exagero, internacional, perecido aos 78 anos de idade.
Não foi exactamente a afluência, diga-se até que fez o paço do município transbordar pelas costuras por tão pequeno que foi, que espelhou a grandeza de Senhor Coluna como respeitosamente lhe tratava Eusébio da Silva Ferreira. Foi, sim, a emoção que a mesma carregou: com honras de Estado e com a bandeira nacional içada a meia haste.
Corpo em câmara ardente, das 08 até por volta das 12 horas, ninguém conseguia acreditar, ou seja, “segurar-se” diante de um homem, famoso pelo seu talento e verticalidade, rendido ao infortúnio da vida numa tumba, ainda que fosse destino de todos. Para muitos, Coluna merecia um lugar no espaço dos imortais.
Como disse o Chefe do Estado moçambicano, Armando Guebuza, que presidiu as cerimónias de Estado ainda no espaço nobre do município de Maputo, “Coluna fez com que o mundo conhecesse uma parcela deste planeta que se chama Moçambique”. Ou seja, ficou patente, dos ditos do mais alto magistrado da nação, que Mário Coluna é, mais do que um homem, um ícone que se confunde com a bandeira e símbolo nacionais.
Outra representatividade da cerimónia de Estado de despedida do “Monstro Sagrado” foi exposta por Portugal, na voz do vice-presidente da federação de futebol daquele país europeu. Para ele, “Coluna não foi um jogador dos noventa minutos apenas. Foi de toda a vida. O seu carácter, o seu talento e a sua humildade souberam unir dois povos, de Moçambique e de Portugal, que hoje derramam lágrimas pelo seu desaparecimento físico”.
Por volta das 13 horas, Mário Coluna “fez” a sua última viagem pelas artérias da capital do país até à sua última moradia. Outro momento carregado de emoção até porque, o mundo todo, como disse Faizal Sidat, presidente da Federação Moçambicana de Futebol, “testemunhava o último adeus a quem merece estar no panteão dos grandes desportistas do planeta, apesar de que estará sempre nos nossos corações”.
E na hora em que a urna ia “desaparecer” do mundo dos vivos, penetrando vagarosamente nas entranhas de Lhanguene, às 14 horas, algo ficou claro, como aliás disse, Luís Filipe Vieira, presidente do Sport Lisboa e Benfica. “Não é fácil nos despedir de alguém cujo legado permanecerá para sempre nos nossos corações. Coluna foi um desportista que carregou o nome do Benfica, de Moçambique e de Portugal. Ele sempre será o património do Benfica, do povo português e do povo moçambicano”
Até já ‘Monstro Sagrado’!.