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SELO: O colonialismo doméstico e a hegemonia do sul contra o centro e norte evidenciam-se 50 anos depois da sua vigência – Por Jorge Valente

Compatriotas! Quando li os artigos “Diocese de Quelimane em polvorosa. Bispo e irmã em pé de guerra” (Fonte: Savana no. 1149, de 15.1.201) e “Carta aberta aos fiéis católicos da Zambézia” (Fonte: Moçambique para Todos, de 15.1.2016) não fiquei surpreendido, mas, sim, muito mais aflito e angustiado pela situação de dominação étnica que o sul impõe aos cidadãos do centro e norte de Moçambique. A ganância pelo enriquecimento ilícito, recorrendo à demonstração de superioridade por parte desta etnia, já está atingir contornos preocupantes por obra da Frelimo.

Infelizmente, a própria religião tornou-se um lugar onde se espalha a mentalidade da dominação étnica pela gente do sul do país. Se a Irmã Justina Camilo não é de Gaza, o senhor Hilário Massinga está a interpretar a filosofia de que as pessoas do centro e norte não podem demonstrar as suas capacidades intelectuais desempenhando tarefas de relevo.

Se a senhora Justina é do sul, sobretudo da etnia changana, há uma luta gananciosa pelo poder económico. O centro e norte são repúblicas vassalas do sul neste país. Tanto na igreja como na governação, os indivíduos do sul são donos de tudo e falam da unidade nacional, abstendo-se de cada um dizer a sua naturalidade.

O regionalismo e a má gestão perpetrados pelo senhor Hilário Massinga atingiram o seu clímax quando logo que morreu o saudoso bispo Dom Governo. Este substituiu todos cidadãos do centro e norte que trabalhavam nos escritórios da Diocese de Quelimane e nas paróquias por pessoas de Gaza, Inhambane e Maputo para melhor ter confiança nas suas falcatruas.

A actuação do senhor Hilario Massinga é uma réplica da actuação da Frelimo na governação do país, como podemos ver alguns exemplos: No INSS, delegação de Quelimane, onde depois da inauguração do novo edifício, foram buscar indivíduos do sul para  ocuparem cargos de chefia e secretaria e os nativos são na sua maioria serventes.

Se encontrarmos indivíduos do centro e norte com posições de chefia nas instituições públicas é porque são lambe-botas, ou seja, são “sim senhor” sem nenhum acto decisório porque, supostamente, eles não são nada.

Nas embaixadas, a exclusão reflecte-se igualmente e os maiores cargos são ocupados por indivíduos do sul de Moçambique. As bolsas de estudo para o exterior são na sua maioria atribuídas ao pessoal do sul. Nas multinacionais que operam em Moçambique a maioria dos funcionários são do sul. Os indivíduos do sul estão em todo país como donos de Moçambique e os cidadãos do centro e norte são escravos. Muitas empresas que operam nestas duas regiões são da pertença dos indivíduos do sul.

Todos os males que a Frelimo cometeu em Moçambique ao longo dos 50 anos da sua existência já se espalharam por todos os lados e a igreja não podia escapar disso.

Hoje, o cabritismo, o clientelismo, o nepotismo, o deixa andar, o espírito de refresco, a compra de emprego e o desprezo pela vida humana estão a progredir. O ricos tornam-se cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres. Em muitos casos por culpa de alguns indivíduos dessas zonas que estão preocupados com a sua estabilidade individual.

Portanto, a situação que o senhor Hilário Massinga criou na Igreja Católica na Zambézia é mais uma prova evidente do colonialismo doméstico que a Frelimo implantou e consolidou. Os zambezianos devem saber lidar com as tristezas e dores morais que o pessoal do sul lhes causa. Um dia, as coisas vão mudar.

Por Jorge Valente

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