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O cérebro por detrás do Gana

O cérebro por detrás do Gana

No início do ano, Gana já havia superado as expectativas ao ficar na segunda posição da Copa Africana de Nações. Agora, a equipe está prestes a entrar para a história do futebol africano. Depois de chegar aos oitavos de final na Alemanha 2006, a seleção ganesa está a fazer apenas a sua segunda participação num Mundial da FIFA — e mais uma vez com muito sucesso.

Se derrotar o Uruguai, Gana será o primeiro país do continente africano a chegar às semifinais.

Em janeiro, muitos titulares do selecionado ganês estavam lesionados, e a base da equipe no torneio continental foi formada pelos jogadores campeões da Copa do Mundo Sub-20 da FIFA 2009. Ainda na preparação para a África do Sul 2010, muitos disseram que Gana não tinha mais chances depois da contusão do craque Michael Essien.

No entanto, o técnico Milovan Rajevac conseguiu formar uma seleção sólida, difícil de ser batida, muito habilidosa e que não brinca em serviço. Até aqui, o treinador tem recebido muitos elogios pela organização tática e coesão dos seus comandados.

Com Rajevac no comando desde 2008, Gana está a mostrar ser a seleção mais promissora do continente.

O capitão de Gana, Stephen Appiah, disse recentemente que Rajevac conquistou os jogadores graças ao seu preparo e mentalidade. “Taticamente, o nosso técnico é muito inteligente”, disse ele sobre o sérvio. “Ele assiste sempre gravações dos adversários. Em algumas partidas podemos até sofrer um golo por um erro mínimo e isso pode custar a sua eliminação do torneio. Então, ele sempre diz-nos que precisamos de ser cuidadosos na defesa e, se tivermos a chance de atacar, é o que devemos fazer. É isso o que se vê nos jogos. Você pode ver que sempre marcamos um golo — e só!”

Para chegar à final da Copa das Nações, Gana conquistou três vitórias consecutivas com o resultado de 1 a 0 na fase a eliminar. Dois dos golos foram anotados por Asamoah Gyan, que também balançou as redes três vezes na África do Sul 2010, incluindo uma contra a Sérvia e uma contra os EUA.

Gyan explicou que o elenco aprendeu a confiar nas escolhas do técnico de 56 anos, a quem ele dá o mérito da energia positiva do grupo. “Às vezes ele faz algo estranho que nós jogadores não entendemos”, comentou Gyan. “Mas, quando vamos para o jogo, as coisas acontecem como ele disse que aconteceriam. Ele é muito calmo e não é rígido. Nós, africanos, não gostamos de técnicos rígidos. O futebol não é uma questão de lutar, mas de divertimento e de fazer o seu melhor. Por isso, acredito que estamos a lidar bem com o técnico. Porque ele é bom taticamente e tudo o que ele faz parece funcionar em campo.”

O capitão do vitorioso selecionado sub-20, Andre Ayew, também elogiou a forma como a seleção foi montada. “Na minha opinião, esta foi uma das melhores decisões tomadas pelo técnico: misturar os jogadores mais velhos e os mais novos”, disse o filho do maior jogador da história do país, Abedi Pelé. “Você tem a energia dos mais jovens e a experiência dos que já estão há mais tempo na seleção.”

Outra surpresa para o Uruguai?

Contra os EUA, Rajevac surpreendeu ao escalar um dos atletas da seleção sub-20, Samuel Inkoom, na meia direita. O jogador que atua na Suíça foi uma das revelações do torneio em Angola no início do ano, mas ainda não havia sequer entrado em campo no Mundial antes do confronto com os americanos. No entanto, a sua velocidade e energia foram uma pedra no sapato para o vulnerável lado esquerdo da defesa norte americana, e ele foi decisivo para abrir espaço para os outros meio-campistas na vitória por 2 a 1.

Com a suspensão de Ayew e preocupações de lesões de alguns titulares, especula-se que Rajevac poderá surpreender novamente no onze contra os uruguaios. “Veremos como vamos administrar isso”, disse o astuto treinador. “Temos 23 atletas e todos podem jogar. Eles estão aqui porque fizeram por merecer. São todos excelentes jogadores. Ainda veremos quem vamos colocar em campo. Os lesionados serão substituídos por jogadores sem contusões. Uma coisa é certa: serão 11 do nosso lado contra 11 deles.”

Embora Rajevac mostre muita serenidade, assim como o resto do selecionado, ele admite que também é um pouco afetado pela emoção do momento. “Somos parte da história de Gana agora, porque esta é a primeira vez em que o país chega tão longe. Se ficarmos entre os quatro melhores da Copa do Mundo, será a primeira vez para uma nação africana. Como poderíamos estar mais motivados? Mas é claro que o torneio significa muito para Gana, para a África e para a imagem que passamos ao mundo. No entanto, se estivermos sentindo-nos pressionados e sobrecarregados, será muito mau para nós.”

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