Depois da morte do chefe da Al Qaeda, a lista dos dez terroristas mais procurados pelo FBI tem nove islâmicos e um americano que ameaça cientistas que usam animais como cobaias.
A morte do terrorista Osama bin Laden fez com que os americanos se sentissem mais seguros. E por boas razões. Sem o seu líder, a Al Qaeda parece menor e menos assustadora.
Para muitos cientistas dos Estados Unidos, porém, a eliminação do mentor dos atentados de 11 de Setembro não faz muita diferença em relação a eles próprios.
Num artigo publicado no Wall Street Journal, o neurocientista Michael Conn, da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, e o escritor James Parker observaram que, da lista dos dez terroristas mais procurados pelo FBI, um é o americano Daniel Andreas San Diego.
A pretexto de defender os animais e a natureza, ele comete atrocidades. Não se confundam as actividades de Daniel Andreas San Diego com as dos grupos que organizam manifestações coloridas em prol da ecologia, como o Peta ou o Greenpeace.
San Diego é o autor de atentados à bomba na sede da multinacional farmacêutica Chiron e na sede da fabricante de suplementos nutricionais Shaklee, ambas na Califórnia.
O motivo: as duas companhias usavam os serviços da firma inglesa Huntingdon Life Sciences, que utiliza animais na pesquisa de produtos farmacêuticos, agrícolas, químicos e alimentícios.
San Diego está foragido desde 2003, e o FBI procura- o em catorze países – suspeita-se que esteja na Argentina. A polícia federal dos Estados Unidos oferece uma recompensa de 250.000 dólares a quem fornecer pistas de seu paradeiro.
O objectivo de Conn e Parker, autores também de um livro sobre ecoterrorismo, é alertar para o facto de San Diego não ser um fanático isolado.
Ele integra a Brigada pela Libertação dos Animais, uma das várias organizações que, nas últimas quatro décadas, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa, adoptaram a prática de crimes violentos para combater não apenas o uso de animais como cobaias, mas igualmente qualquer atitude que considerem prejudicial à natureza.
Os métodos dessas organizações incluem incendiar carros de cientistas, incutir medo na família deles e vandalizar as suas residências, fazendo inscrições pejorativas e quebrando janelas.
“Sofri uma tentativa de sequestro, seguida de intimidações por carta e ameaças de agressão física”, disse Conn. Ele é perseguido por usar cobaias em pesquisas cujo objectivo é encontrar novas formas de tratamento para doenças graves, como diabetes e Alzheimer.
Estima-se que 12 milhões de americanos tenham sobrevivido ao cancro graças a terapias que só ganharam os hospitais depois de ser testadas em animais.
A importância do uso de cobaias pode ser comprovada pelo facto de que 75 dos 101 prémios Nobel já conferidos em medicina resultaram de estudos feitos com animais.
O uso de animais como cobaias em experiências científicas é regulamentado na maioria dos países, de forma a reduzir ao máximo o seu sofrimento.
Os testes só podem ser realizados por estabelecimentos de ensino e institutos de pesquisa credenciados, e desvios de conduta podem ser punidos com multas e até a cassação do credenciamento do cientista “Os actos de banditismo dos ecoterroristas só servem para sujar a imagem dos ambientalistas e dificultar o trabalho de protecção da natureza”, diz o biólogo fluminense Dener Giovanini, ganhador do principal prémio mundial da área ambiental, concedido pela Organização das Nações Unidas.
Na verdade, Daniel Andreas San Diego é só mais um psicopata que recorre a uma causa aparentemente justa para dar vazão aos seus instintos animais – animais no mau sentido.