O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, confirmou esta segunda-feira a reeleição do Mahmud Ahmadinejad em uma cerimónia sem a presença da oposição e durante a qual afirmou que a vitória do actual presidente foi a vitória da luta contra a arrogância e a favor da justiça, informou a televisão estatal.
“Os iranianos votaram a favor da luta contra a arrogância, para combater a pobreza e estender a justiça”, indicou Khamenei, segundo a televisão Al-Alam. O guia supremo ainda destacou a “votação sem precedentes” dos iranianos em favor de Ahmadinejad, a quem classificou de “homem corajoso, trabalhador e inteligente”. O presidente reeleito, por sua vez, voltou a denunciar o que considera tentativas de alguns governos estrangeiros de interferir nas eleições de Junho.
“Eu digo aos governos egoístas e intrometidos que foram cruéis com o nosso povo nas eleições e que usaram de maneira inadequada seus meios financeiros e políticos”, declarou Ahmadinejad. O chefe do gabinete do guia supremo, aiatolá Mohammad Golpayeghani, emitiu o decreto de confirmação da eleição de Ahmadinejad e, em seguida, o guia o enviou ao presidente reeleito, que agora deve prestar juramento ante o parlamento na quarta-feira.
Os ex-presidentes Akbar Hachemi Rafsandjani e Mohammad Khatami e os ouros candidatos derrotados, Mir Hossein Moussavi e Mehdi Karoubi, não participaram nessa cerimónia formal. Segundo a Al-Alam, a televisão de Estado em língua árabe, Rafsandjani, que dirige o Conselho de i dirige le Conseil de Reflexão e a Assembleia de Especialistas, duas instituições-chave do poder, assim como o ex-presidente reformador Mohammad Khatami não assistiram à cerimónia.
Os dois candidatos da oposição, Mir Hossein Moussavi e Mehdi Karoubi, que reclamam a anulação da votação de 12 de Junho também não participaram no ato. Em compensação, Mohsen Rezai, terceiro candidato derrotado e ex-chefe dos Guardiães da Revolução, compareceu à cerimónia. Ahmadinejad, 52 anos, foi reeleito com 62,63% dos votos. O anúncio de sua vitória abriu uma crise sem precedentes na história do regime islâmico, com manifestações de rua que resultaram em mortes e prisões. Também houve denúncias de prática de torturas em relação aos presos políticos.
No fim de semana, cerca de cem presos foram julgados por sua participação nos protestos. Os ultra-conservadores iranianos acusaram os líderes da oposição de traição depois que Moussavi acusou as autoridades de utilizarem “tortura medieval” para extrair confissões dos reformistas julgados pelo tribunal revolucionário a portas fechadas. Khatami também condenou o julgamento dos manifestantes presos nos protestos, afirmando que o tribunal estava agindo contra a Constituição.
A poderosa ala ultra-conservadora ficou furiosa com as declarações dos dois líderes, acusando-os de tentar incitar uma “revolução de veludo”. Os comentários de Moussavi se referem a alguns dos reformistas julgados no sábado, que declararam arrependimento por sua participação nos protestos contra Ahmadinejad e negaram que as eleições tenham sido fraudulentas , como alegam Moussavi e outros líderes da oposição.