O número total de mortos na Síria deve aproximar-se dos 70 mil, com os civis a pagarem o preço pela inacção do Conselho de Segurança da ONU para dar fim a quase dois anos do conflito, disse a chefe dos direitos humanos da organização, esta Terça-feira (12).
Navi Pillay, alta comissária da ONU para os direitos humanos, repetiu o seu apelo para que a Síria fosse encaminhada ao Tribunal Penal Internacional pelo conselho de 15 membros, enviando assim uma mensagem a ambas as partes no conflito de que haverá consequências a suas acções.
Pillay disse num debate no conselho sobre a protecção de civis em conflitos armados que o número de mortos na Síria estava “provavelmente a aproximar-se dos 70 mil”.
A 2 de Janeiro, Pillay disse que mais de 60 mil pessoas foram mortas durante a revolta contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, que começou com protestos pacíficos, mas ficou violenta depois que as forças de Assad tentaram esmagar as manifestações.
“A falta de consenso sobre a Síria e a inacção resultante vem sendo desastrosa e os civis de todos os lados pagaram o preço”, disse ela. “Seremos julgados pela tragédia que se desenrolou diante dos nossos olhos”.
As potências mundiais estão divididas sobre como parar a escalada de violência na Síria, e é improvável que o Conselho de Segurança leve a situação na Síria ao Tribunal Penal Internacional em Haia, que não é um órgão oficial da ONU.
A Rússia e a China, membros permanentes do Conselho de Segurança, vêm agindo como protectores da Síria no órgão, bloqueando repetidamente os esforços ocidentais para adoptar uma acção mais forte da ONU – como sanções – contra o governo sírio para tentar acabar com a guerra.
Os dois lados no conflito sírio foram acusados de cometer atrocidades, mas a Organização das Nações Unidas diz que o governo e os seus aliados são mais culpados. “A Síria está a autodestruir-se”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ao Conselho de Relações Exteriores da noite da Segunda-feira.