Uma centena de manifestantes com máscaras e dezenas de polícias enfrentaram-se esta madrugada em Hong Kong numa das três zonas tomadas pelos ativistas pró-democráticos, que há mais de um mês realizam uma campanha de desobediência civil.
Os distúrbios produziram-se em torno das 2:00 de hoje (hora local), no distrito de Mong Kok, situado na península de Kowloon. Vários manifestantes ficaram feridos e alguns foram levados pela Polícia, sem que ainda se conheça se se produziram detenções.
Algumas testemunhas assinalaram que a Polícia fez uso de gás pimenta para dissuadir os concentrados. Aos distúrbios também se somaram partidários do movimento do laço azul, que se opõem à ocupação das ruas por arte dos manifestantes pró-democráticos.
Previamente, à primeira hora da noite de ontem, centenas de cidadãos de Hong Kong marcharam por distintas ruas da cidade levando as máscaras brancas popularizadas pelo filme “V for Vendeta”, e que formam agora a marca do movimento de protesto Anonymous.
Os manifestantes, lembrando assim o dia de Guy Fawkes, um revolucionário britânico que tentou acabar com a vida do rei Jacobo I a 5 de novembro de 1605, viveram tensos confrontos com a Polícia na zona centro da cidade. Percorreram várias ruas ao grito de “quero autêntico sufrágio universal” e “abaixo com Leung Chun-ying”, o chefe executivo a quem pedem que renuncie após a crise política e social aberta por ocasião da reforma eleitoral de Hong Kong.
Alguns comércios e linhas de transporte continuam afectados pelos acampamentos pró-democráticos que hoje completam 40 dias desde que um grupo de estudantes foi acompanhado por milhares de cidadãos, que tomaram várias das ruas da cidade para pedir o sufrágio universal sem restrições para Hong Kong. Continuam cortadas importantes ruas nas áreas de Admiralty, zona financeira e onde se encontram os principais edifícios governamentais, o distrito de CausewayBay, área comercial e o de Mong Kok, zona operária e de alta densidade de população.
A Federação de Estudantes de Hong Kong, uma das impulsionadoras desta revolta civil, ainda está a decidir se vários dos seus representantes viajarão para Pequim na próxima semana para tentar reunir-se com responsáveis políticos a que querem colocar as suas reivindicações. A visita poderá coincidir com a realização da cimeira Apec, realizada na capital chinesa na próxima semana, na qual estarão presentes líderes políticos da região Ásia-Pacífico como os presidentes dos EUA (Barack Obama) e da Rússia (Vladimir Putin).
Esta decisão deriva do fracasso do diálogo aberto entre o governo de Hong Kong e os estudantes do passado 21 de Outubro para pôr fim às cinco semanas de instabilidade social. Os activistas do movimento democrático pedem que o governo central volte atrás na decisão de interferir na seleção de candidatos para dirigir o governo de Hong Kong para as eleições de 2017.