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Novo recenseamento, velhos problemas

Novo recenseamento

Costuma-se dizer que os experientes têm menos probabilidades de cometer erros, mas o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral tem provado o contrário sempre que organiza processos eleitorais no país. Prova disso é que o recenseamento, que arrancou no último sábado (15), está a ser caracterizado por diversos problemas, desde a não abertura de alguns postos à avaria do equipamento.

De todos os problemas, destaque vai para a falta de acesso a alguns postos nas províncias afectadas pelas chuvas, uma situação que já tinha sido acautelada pela Renamo quando pediu que o recenseamento fosse adiado pela segunda vez. “A chuva é um factor desfavorável. Realizar o recenseamento entre Fevereiro e Abril é um desafio à natureza, do qual o homem sempre sai derrotado.

Se formos a ver os relatórios dos processos eleitorais do passado vamos notar que muita coisa negativa aconteceu devido à chuva”, alertou Renamo. O Governo ignorou este detalhe e avançou com o processo, e nem sequer respondeu à Renamo, que também alegava que o pedido visava permitir que os seus membros fossem integrados nos órgãos eleitorais, nomeadamente a Comissão Nacional de Eleições e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral após a revisão da legislação eleitoral.

Problemas verificados

O arranque do recenseamento eleitoral veio mostrar o quão despreparado e desorganizado estava o STAE, que não conseguiu alocar geradores aos postos localizados em zonas não alimentadas pela energia da rede nacional, para além de ter sido forçado a adiar o processo em alguns pontos do país devido à chuva.

Por exemplo, no distrito de Búzi, na província de Sofala, o recenseamento eleitoral não arrancou (no mesmo dia) em todos os postos porque algumas vias estão intransitáveis. Nas localidades de Grudja, Ampara, Nova Sofala, Marombe, Chissinguana e Inhamuchindo, o STAE teve de recorrer à tracção animal, tractores e a embarcações para evacuar 90 membros das brigadas e o respectivo material.

Outros distritos

A chuva fez também com que o processo não arrancasse em algumas regiões dos distritos de Chicualacuala e Chibuto (Gaza), Beira e Dondo (Sofala) Quelimane, Ile, Maganja da Costa, Gurúè (Zambézia), Chiúre (Cabo Delgado), Mecanhelas (Niassa), Memba, Angoche, Mecubúri, Malema e Moma (Nampula). Por outro lado, os primeiros dias foram também marcados pela não alocação de geradores a alguns postos um pouco por todo o país.

Só na província de Inhambane, o STAE ainda tinha nos seus armazéns 100 geradores que deveriam ter sido distribuídos antes do início do processo. O descaso fez com que não fossem abertos 17 postos de recenseamento no distrito de Zavala, um em Homoíne (Inhambane), 16 em Meconta (Nampula), 13 em Chiúre (Cabo Delgado), e um em Mabalane (Gaza).

Material

Por outro lado, o cenário verificado no recenseamento do ano passado, marcado por avarias do equipamento, está a repetir-se um pouco por todo o país, embora o STAE tenha dito que dispõe de material alternativo. No distrito de Búzi, o processo só arrancou em 20 postos, dos 30 previstos, devido à não alocação dos mobiles, que ainda estavam a ser preparados a nível do STAE provincial, pelo menos até ao fecho desta edição. Nos distritos de Massinga, Ile, Mocímboa da Praia, Chicualacuala, Mossuril e Morrumbene a avaria do equipamento ditou o adiamento do início e, nalguns casos, a interrupção do processo.

Fraca afluência

Entretanto, situação preocupante, mas que pode mudar com o decorrer do tempo, verifica-se do lado dos eleitores, que não estão a afluir aos postos de recenseamento, que estão às moscas, havendo casos de membros de brigadas que registam menos de 10 pessoas. Alguns supervisores do processo, ouvidos pelo @Verdade, indicam que tal se deve à fraca campanha de educação cívica levada a cabo pelos agentes contratados pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral.

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