O distrito de Matutuíne, na província de Maputo, Sul de Moçambique, vai beneficiar, a partir deste mês, de um projecto agro-industrial de produção mecanizada de arroz avaliado em 30 milhões de dólares norte-americanos.
Trata-se do “Bela-Vista Rice Project” do consórcio ‘Libya África Investiment Portifolio’ (LAP) e da empresa moçambicana ‘Ubuntu SA (LAP/Ubuntu SA). Este projecto será implementado na vila sede do distrito de Matutuíne, Bela-Vista. Do investimento de 30 milhões de dólares, dez milhões de USD se destinam a montagem de uma fábrica de processamento de arroz e silos de armazenamento do produto final.
De acordo com Filipe Gago, representante do LAP, a implementação do projecto tem a duração de cinco anos. Numa primeira fase serão cultivados nove mil hectares, esperando-se obter anualmente 40 mil toneladas de arroz. Espera-se que, no terceiro ano, se satisfaça as necessidades nacionais de consumo em cerca de 20 por cento. “Numa primeira fase, apostamos na produção mecanizada do arroz, numa área de nove mil hectares. Vamos fazer pesquisas e ensaios de vários tipos de sementes para aumentarmos a produção por hectar” disse Filipe Gago.
Ele acrescentou que “estamos a trabalhar no sentido de, daqui a três anos, reduzirmos a importação do arroz no país”. Por sua vez, o Presidente da Ubuntu, Nuno Uinge, disse que um dos objectivos do projecto é fomentar a produção do arroz no seio dos agricultores do distrito de Matutuíne, onde existem “enormes” potencialidades para o efeito. Uinge explicou que a escolha de Matutuíne para o desenvolvimento do projecto, se deveu as potencialidades existentes nesta parcela do país. Para além de terras férteis, Matutuíne tem a vantagem de contar com a abundância da água no Rio Maputo, e que não está a ser devidamente explorada.
“Escolhemos o distrito de Matutuíne porque encontramos, nesta zona, condições propícias para a produção do arroz. No passado, este distrito foi um grande produtor e é uma boa alternativa para o país” frisou a fonte. Matutuíne tem grande potencial para o desenvolvimento da produção desta cultura em grande escala, principalmente nas localidades de Salamanga e Tinonganine, na Bela Vista, nos povoados de Matsolo, Makassane, Massohane, Caiado, Mudada, Santaca e Machia, e Zitundo.
O consórcio conseguiu obter do Governo uma concessão de 20 mil hectares, dos quais serão utilizados nove mil, numa primeira fase. De sublinhar que neste perímetro, será construída uma fábrica de processamento de arroz. Os investidores esperam que o projecto venha a reduzir a dependência de Moçambique em relação a ajuda alimentar e importação de arroz.
Moçambique possui inúmeras potencialidades agro-ecológicas para a produção deste cereal, principalmente ao longo dos regadios localizados em Matutuíne, Chókwè, Nguri, e Nicoadala. Actualmente, Moçambique consome 600 mil toneladas por ano, quando a produção interna apenas satisfaz a procura em 285 mil toneladas. As restantes 315 toneladas são importadas. O Governo de Moçambique espera cobrir o défice a partir de 2011, no âmbito do Plano de Acção para a Produção de Alimentos.
