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Novo governo da Grécia obtém voto de confiança do Parlamento

A coligação de crise do primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, superou esta quarta-feira o seu primeiro obstáculo ao receber um voto de confiança do Parlamento, mas terá pela frente a hercúlea tarefa de reunir os partidos em torno de dolorosas reformas necessárias para evitar uma falência nacional. O novo governo de união nacional obteve 255 dos 300 votos no Parlamento, reunindo partidos tradicionalmente rivais: o Pasok (socialista), do ex-premiê George Papandreou; o Nova Democracia (conservador); e o Laos (extrema direita).

Mas, num sinal da persistência das tensões, o líder da Nova Democracia, Antonis Samaras, novamente rejeitou a exigência da União Europeia por um documento em que ele se comprometeria com os termos do último pacote de resgate financeiro à Grécia, no valor de 130 bilhões de euros. Essa relutância deve assustar os credores.

Como presidente do Banco Central, em 2002, Papademos supervisionou a entrada em circulação do euro na Grécia. Agora, cabe a ele manter o país na união monetária. “Lidar com os problemas da Grécia será mais difícil se a Grécia não for membro da zona do euro”, disse Papademos, que também foi vice-presidente do Banco Central Europeu, em seu último apelo ao Parlamento antes da votação. “Tenho certeza de que conseguiremos se estivermos unidos.”

A primeira tarefa do governo será aprovar um novo orçamento, com impostos mais altos e menos gastos públicos – condições impostas pela UE e pelo Fundo Monetário Internacional para liberar a próxima parcela da ajuda financeira, de 8 bilhões de euros, quantia a ser usada no pagamento de dívidas que vencem em dezembro. “Devemos tomar medidas mais radicais para lidar com a crise, o que inclui … ampliar os recursos e a flexibilidade do EFSF (fundo de resgate financeiro da UE), e criar um marco mais sólido de governança econômica na zona do euro”, disse Papademos.

A saga da dívida grega já dura dois anos, desembocando numa grande crise que ameaça a existência do próprio euro. Os mercados globais de títulos e a cotação do euro voltaram a cair nesta quarta-feira, depois do fracasso de uma manobra do Banco Central Europeu, que comprou títulos das dívidas soberanas regionais numa tentativa de contrabalançar a agressiva venda de papéis no mercado.

Os líderes europeus, receosos de que a Grécia não cumprirá as suas metas fiscais, começaram a especular abertamente sobre o futuro grego na união monetária. Papademos, um discreto economista acadêmico, sem experiência política prévia, precisará impor sua autoridade a um gabinete repleto de figurões dos dois principais partidos que há décadas se revezam no poder na Grécia, e que foram responsáveis por acumular uma gigantesca dívida de 350 bilhões de euros. Mas ele espera que o orgulho nacional fale mais alto que os interesses partidários.

“Precisamos resgatar o nosso país, precisamos retificar o nosso país, precisamos restaurar a integridade do nosso país”, disse o ministro das Finanças, o socialista Evangelos Venizelos, ao Parlamento.

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