Um atentado matou esta sexta-feira pelo menos 41 pessoas em Kerbala, no último dia de uma peregrinação à cidade sagrada do xiismo e que fica 110 km ao sul de Bagdá. Quando mais de um milhão de peregrinos começavam a deixar a cidade, a explosão de um morteiro matou 41 pessoas e feriu pelo menos 150.
O governador da província, Amal Eddin al Her, informou que o morteiro foi disparado de uma região agrícola ao nordeste de Kerbala e caiu em Kantarat al Salam”, três quilômetros ao leste da cidade. Ele atribuiu o ataque à Al-Qaeda, auxiliada por simpatizantes do partido Baath do ex-ditador Saddam Husein. Outros dois atentados, executados por homens-bomba, mataram 64 pessoas e feriram 250 na segunda e quarta-feira, durante a peregrinação, que marca o aniversário do 40º dia após a morte de Husein, figura emblemática do xiismo, que faleceu há 13 séculos em uma batalha que simboliza o principal cisma do islã.
“Nas últimas duas semanas foram 10 milhões de visitantes, incluindo 100.000 estrangeiros, do Irã, dos países do Golfo, Síria, Líbano, Tanzânia, Estados Unidos, Noruega e Bélgica”, declarou à AFP o governador. Os peregrinos, vestidos de negro e com bandeiras da mesma cor com a imagen de Hussein, desfilaram em procissão e em autoflagelação, com agressões no peito ou cabeça em sinal de arrependimento por não terem ajudado o neto de Maomé, morto no ano 680 pelas tropas do califa omeia Yazid.
Como a tradição exige que os peregrinos sigam a pé para Kerbala, o governador pediu às demais províncias que enviassem ônibus para o retorno dos viajantes. A cerimônia terminou após a oração de sexta-feira. A comunidade xiita também foi alvo de de ataques nesta sexta-feira no Paquistão.
Pelo menos 12 pessoas morreram, incluindo mulheres e crianças, na cidade de Karachi em um atentado contra um ônibus, que também deixou 40 feridos. Pouco depois, outro atentado suicida no hospital de Karachi onde eram atendidas as vítimas do primeiro deixou mais 11 mortos.
No Iraque, a comunidade xiita foi muito reprimida quando Saddam Hussein e seu partido, Baath, governavam o país com mão de ferro. A peregrinação era proibida na época de Saddam. “Estas peregrinações foram proibidas no antigo regime, e os peregrinos tinham que evitar os baathistas que nos perseguiam”, explicou Hussein al Musaui, de 40 anos, originário de Kerbala.
“Atualmente, há quem não queira a volta dos que glorificavamo antigo regime e que negam as torturas e a opressão do passado”, acrescentou, em referência a decisão adotada na quarta-feira pela justiça, autorizando que mais de 500 candidatos, suspeitos de simpatizar com o Partido Baath, participem nas eleições legislativas de 7 de março.