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Nova York encolhe-se à espera do furacão Sandy

Dizem que Nova York é a cidade que nunca dorme. Mas, andando, Domingo (28), por Manhattan, parecia que muitas empresas estavam preparadas para uma pausa, talvez por vários dias.

Um furacão monstruoso, com potencial para ser o maior já registado a atingir os Estados Unidos, avançava rumo à cidade, ameaçando provocar prejuízos catastróficos, inundações bíblicas e apagões com duração de vários dias.

Na Times Square, os restaurantes, lojas de produtos electrónicos e perfumarias estavam a dispensar funcionários antes das 19h, horário em que o comboio pararia de circular.

As mesmas cenas repetiam-se nos locais movimentados, como a avenida Madison, o Greenwich Village e a Bleeker Street.

Muitos estabelecimentos não tinham prazo para reabrir. “Depois da Segunda-feira, os empregados ficarão de prontidão”, disse Jerome Ison, balconista da loja Burberry.

Na padaria Magnolia, cujos cupcakes tornaram-se famosos graças à série de TV “Sex and the City”, os fornos foram desligados por volta de 12h, e novas fornadas foram canceladas.

Em toda Manhattan, vendedores de pretzels e “hot-dogs” estavam a recolher as suas coisas e, em muitos casos, cruzando as pontes e túneis que levam a Nova Jersey, Brooklyn e Staten Island.

“Todo o mundo está a ri embora”, disse a vendedora de amendoim Miah Daras, moradora do Bronx. “Para mim, está a ser um prejuízo de 300 dólares por dia.”

A fuga de Manhattan foi motivada pela interrupção generalizada dos transportes, uma situação que ilustra uma divisão socioeconómico, há muitos moradores ricos em Manhattan, mas quem lhes presta serviços tende a viver nos outros distritos da cidade.

Sem transporte público, e com a possibilidade de que as pontes e os túneis sejam fechados para os veículos particulares, essas duas populações ficarão isoladas, sabe-se lá por quanto tempo.

“Preciso que os meus empregados cheguem às suas casas em segurança”, disse Gale Shim, dono de uma loja de alimentos saudáveis. Ele decidiu ficar na loja para enfrentar a situação, depois de passar a semana a ouvir os alertas de ventos de 120 km/h.

O seu consolo é ter seguro contra a perda de alimentos, mas ele está preocupado com o risco de inundação no estabelecimento.

Preocupações como essa repetem-se em toda a cidade, mas os nova-iorquino, que enfrentaram aos atentados de 11 de Setembro de 2001, um apagão em 2003 e o furacão Irene, ano passado, não se abalam por qualquer coisa.

Alguns fazem questão de ser do contra. Enquanto muita gente armazena água e comida, Chris Conway, de 41 anos, gabava-se de descrever o conteúdo da sua geleira: “Quatro diferentes tipos de Tabasco e um pote de molho para bife A-1”.

Muitos estabelecimentos também ousaram permanecer abertos, como é o caso da Walgreens, loja 24 horas em Manhattan. O gerente Clarence Ricketts reservou um espaço com colchões de ar, vendidos na própria loja, para acomodar os empregados.

E um tipo de comércio está definitivamente satisfeito com a tempestade: os bares. Domingo, o Corner Bistro, no centro de Manhattan, estava lotado.

O local já havia encarado o furacão Irene, e, durante o apagão de 2003, um gerente que tentou fechar as portas acabou por ser demitido. “O Bistro só fecha nos dias de Acção de Graças e Natal, e olha”, disse o balconista Jeff Sheehan.

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