A pena de morte por apedrejamento a condenados por adultério está a ser inserida na lei afegã, disse uma autoridade, esta segunda-feira (25), no mais recente sinal de que os direitos adquiridos a alto custo desde a derrubada do Taliban, em 2001, estão a ser suprimidos à medida que as forças estrangeiras deixam o país.
“Nós estamos a trabalhar no esboço de um código penal da sharia (código religioso islâmico), no qual a punição para adultério, se houver quatro testemunhas, é o apedrejamento”, disse Rohullah Qarizada, integrante do comité da sharia que elabora o texto da lei e também director da Associação de Advogados Afegãos Independentes.
Bilhões foram investidos no Afeganistão para a promoção dos direitos humanos em mais de 12 anos de guerra, e os doadores temem que o progresso duramente obtido, em especial para as mulheres, possa estar a ser minado.
Durante o governo do Taliban (1996-2001), os adúlteros condenados costumavam ser executados a tiros ou apedrejados, a maioria nas sextas-feiras. As mulheres não podiam sair de casa sozinhas, as meninas não podiam ir à escola e os homens eram obrigados a usar longas barbas.
Numa nova evidência do apoio popular à punição brutal, um casal escapou por pouco de ser apedrejado na província de Baghlan, ao norte de Cabul, mas foi morto a tiros publicamente no fim de semana, disseram as autoridades. A execução pública foi confirmada pelo porta-voz da polícia local, que disse que a morte foi ilegal.