Os noruegueses tentavam esta quarta-feira retomar a sua rotina depois do massacre provocado por um fanático de ultradireita, mas um alerta de segurança causou a desocupação da estação rodoferroviária de Oslo, reavivando o trauma. A chefe do serviço de inteligência doméstica do país disse acreditar que Anders Behring Breivik agiu sozinho para cometer a morte de 76 pessoas num atentado a bomba e numa chacina armada, e contestou a tese de insanidade apresentada pelo advogado dele.
Entretanto a estação central de Oslo foi desocupada por causa de uma mala suspeita encontrada num autocarro, e todos os serviços de comboios e autocarros foram suspensos. Carros de polícia, caminhões de bombeiros e ambulâncias cercaram a estação, mas a polícia disse que o volume era inofensivo. “Não foi encontrado nada de interesse”, disse o superintendente policial Tore Barstad a jornalistas.
Noutro falso alarme, a polícia inicialmente disse que estava em busca de um homem ligado a Breivik, mas depois esclareceu que o procurado era uma pessoa perturbada, sem relação com o assassino.
Uma ministra fez um retorno simbólico ao bairro de Oslo que concentra órgãos públicos e onde na sexta-feira Breivik detonou uma poderosa bomba caseira que matou oito pessoas. A bomba abriu um buraco no local de trabalho do primeiro-ministro, Jens Stoltenberg, que provisoriamente passará a despachar no Ministério da Defesa, que fica em outro bairro. As reuniões ministeriais serão em uma fortaleza medieval à beira-mar. Não ficou claro se a sede administrativa do governo, um prédio de 17 andares, será reconstruída ou demolida.
“Estou feliz por voltar ao meu escritório (…), poder retomar as funções de trabalho mais normais”, disse a jornalistas a ministra da Administração e Igreja, Rigmor Aaserud, cujo gabinete foi pouco danificado. Depois de demonstrar emoção e conclamar a população a se unir, Stoltenberg tem sido muito elogiado pela forma como lidou com o atentado.
Uma pesquisa publicada no jornal Verdens Gang mostrou que 80 por cento dos noruegueses acham que ele foi “extremamente bem”. Os 4,8 milhões de noruegueses, desacostumados com a violência no seu pacato país, têm agora o desafio de melhorar a segurança sem ameaçar a liberdade e abertura da sua sociedade.
Na terça-feira à noite, a polícia destruiu um armazém de explosivos encontrado numa fazenda arrendada por Breivik, cerca de 160 quilômetros ao norte de Oslo. Acredita-se que ele produziu a bomba usando fertilizantes que adquiriu sob o pretexto de ser fazendeiro. Depois da explosão, Breivik, de 32 anos, foi até uma ilha onde havia um acampamento de férias do Partido Trabalhista (governo), e começou a atirar indiscriminadamente, matando 68 pessoas, a maioria jovens. Ele rendeu-se sem resistência quando a polícia chegou. Depois, alegou estar numa cruzada contra o islamismo e o “marxismo cultural”. Geir Lippestad, advogado do assassino, disse que ele provavelmente é insano, mas que é cedo para dizer se isso será alegado em seu julgamento.