– Segundo consultor Luís Revés
Litígios laborais, falta de competitividade empresarial e de diálogo permanente entre governo, empregadores e massa laboral podem, se não forem evitadas, agravar a crise financeira internacional.
Esta posição é sustentada pelo Luís Revés, que defende a manutenção do emprego, através de uma contínua formação técnica dos gestores empresariais e trabalhadores, para além da criação de melhores condições de trabalho.
Durante a palestra subordinada ao tema “Crise Financeira Internacional e o seu Impacto no Mercado de Trabalho”, realizada na sexta-feira, em Nampula, sob os auspícios da Comissão Consultiva do Trabalho, Luís Revés fez um historial sobre a crise deflagrada no mundo e o seu impacto no contexto sócioeconómico dos países, sobretudo do chamado Terceiro Mundo.
Segundo o orador, atentamente escutado pelo vasto auditório composto, na essência, por sindicalistas, empresários e académicos, Moçambique não deverá ficar imune dos efeitos negativos da crise financeira internacional, a avaliar pelas restrições já em curso nas transacções e na rigorosa supervisão do banco central sobre o sistema bancário.
Para além do decréscimo das receitas, o agravamento do défice orçamental, a demora no reembolso do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) às empresas, e a deterioração das condições de emprego em alguns sectores de actividade, são o testemunho da presença dessa crise no nosso país.
Defende que a estabilidade no emprego é fundamental para assegurar a estabilidade económica de qualquer país e sustenta ainda que a base de desenvolvimento assenta na produção e produtividade das empresas.
Alguns dos exemplos referenciados pela nossa fonte estão relacionados com a paralisação dos projectos das Areias Pesadas de Chibuto e da Refinaria de Petróleo em Nacala- a- Velha. E, ainda, à Arcelor Mittal, que reduziu a sua actividade de produção de ferro de construção.
Acrescenta que, devido à queda da importação de diversos produtos e equipamentos, as receitas provenientes do comércio externo poderão sofrer uma significativa quebra.
O consultor frisou que o diálogo tripartido (entre governo, empregadores e trabalhadores) é fundamental na procura de soluções para as crises.
Dados disponíveis indicam que, este ano, os países em desenvolvimento enfrentarão um défice de 270 biliões a 700 biliões de dólares norteamericanos.
Observa que só um quarto dos países vulneráveis dispõe de recursos para evitar um eventual aumento da pobreza. Enquanto 28 de um total de 1209 países em desenvolvimento não serão capazes de atrair investimento privado suficiente para cobrir as suas necessidades financeiras.