A Mozal foi esta terça-feira ao Centro Internacional de Conferência Joaquim Chissano em Maputo para informar sobre as suas actividades e o seu desempenho no que toca a saúde, segurança laboral e meio ambiente durante os últimos seis meses. Num encontro marcado por dois cenários antagónicos, nomeadamente de pressão por parte dos meios de comunicação social e grupos pro-ambientais e o de episódios de bajulação e exaltação dos trabalhos da Mozal por indivíduos ligados aos projectos apoiados pela empresa, nas comunidades onde actua, o presidente Mike Fraser fez saber que os níveis de poluição estão dentro dos padrões internacionalmente recomendados.
Com o nível de 70 porcento do processo de reabilitação dos centros de tratamento de fumos, consta nos cálculos da Mozal, que ainda não apareceram casos de doenças respiratórias, quer nas comunidades circunvizinhas, como na parte dos trabalhadores da empresa.
A Mozal começou, a emitir fumos directamente para a atmosfera (“bypass”), a 17 de Novembro para reabilitar dois centros de tratamento de fumos, através de uma das duas chaminés.
Com mais de 50 por cento das exportações moçambicanas, a multinacional de fundição de alumínio garantiu que está tudo sob controlo e a reparação dos centros de tratamento de fumos terminará a 03 de Abril deste ano, tal como se previu.
Ambientalistas
Uma das questões reiteradamente criticada pelas organizações que lutam pela defesa do ambiente em Moçambique tem sido o hábito da não disponibilização da informação sobre os resultados da emissão directa de fumos para a atmosfera, por parte da Mozal, insistindo em receios de que o processo possa ser prejudicial para a saúde.
Os resultados da primeira monitorização, a 01 de Dezembro, confirmaram que os níveis de poluição também estavam nos padrões normais e que não demonstraram haver quaisquer problemas ambientais, só que segundo as organizações da sociedade civil, esses resultados são duvidosos, uma vez que tais informações não foram tornadas públicas e continuam guardadas a sete chaves.
Desde que a Mozal beneficiou de autorização do Governo de Moçambique para trabalhar com licença especial de uso de By pass, vários ambientalistas levantaram a sua voz em oposição, chegando a denunciar o maior empreendimento industrial no País como tendo beneficiado de licença do Governo para matar. Os argumentos foram vários e os recursos para travar também, destacando-se a petição contra o arranque do processo dirigida a AR.
Foram vários os argumentos e recursos apresentados para travar a decisão do Governo, que os ambientalistas consideraram de grave e absurda, justificando que as substâncias a serem emitidas pela MOZAL por um período requerido de seis meses podem provocar sérios problemas a saúde pública, desde irritações severas na pele, nos olhos, nas vias respiratórias e até o aumento na frequência de cancros pulmonares.
Diante das informações prestadas esta terça-feira, Vanessa Cabanelas da Justiça ambiental disse que não basta acreditar que ainda não existam casos de poluição, doenças pulmonares nas comunidades circunvizinhas ou na massa laboral da empresa, é preciso, no entanto perceber que o impacto das actividades da Mozal não tem efeito imediato e variam de pessoa para pessoa.
A Mozal referiu também que tem estado a cumprir os limites anuais de poluição previstos pela OMS, mas a Justiça Ambiental reitera que antes dos limites anuais é preciso observar os diários.