“Nem Dilon, nem Fany Mpfumo, ninguém inventou a Marrabenta” está é a grande novidade que o escritor moçambicano, Rui Laranjeira, trás na sua obra Marrabenta: Sua Evolução e Estilização – 1950 – 2002. A obra foi publicada ontem, 18 de Fevereiro, na Galeria do BCI – Espaço Joaquim Chicana, em Maputo.
Com 167 páginas, o livro traz o conceito da Marrabenta assumindo – de forma clara – que o criador do género é o povo.
A obra traça-nos o percurso da Marrabenta ao longo de 1950 à 2002, baseando-se em análises e investigações conjunturais que incluem aspectos políticos, culturais, religiosos, sociais e económicos. É na base desses factores que o autor busca ferramentas para explicar a origem, a estilização e a evolução do género no país.
De acordo com Rui Laranjeira, a obra é resultado de todas as discussões feitas pelos que dizem ser mentores da Marrabenta. Para si, “nem os músicos Dilon Ndjindji, Xidiminguana e outros, que ainda insistem em atribuir-se a paternidade da Marrabenta, não são os autores desse estilo musical”.
“Cada um tem a sua linhagem e estilo dentro da Marrabenta, mas a dança em si, é do povo”, diz Laranjeira que acrescenta que mesmo o conceituado músico Fany Mpfumo não foi o criador, mas sim é o “rei da Marrabenta”.
Por sua vez, e escritor e docente universitário Francisco Noa afirma que a Marrabenta surgiu despercebidamente no país. “Ninguém criou este género. Nascemos e encontramo-lo e vamos deixá-lo”.
A Marrabenta é um género musical nacional que vem acompanhando a história de Moçambique nos últimos 70 anos. Primeiramente conquistou o espaço e dançarinos nas zonas urbanas, e até a década de 1960, no período colonial, já tinha se popularizado, com mais ênfase na zona sul do país. Hoje a Marrabenta faz parte da cultura e das danças tipicamente moçambicanas e, é, segundo os estudos, um património imaterial.