O presidente do Níger, Mamadou Tandja,está detido num quartel militar e vários soldados foram mortos esta quinta-feira, em Niamei, durante um golpe de Estado, segundo testemunhas e uma fonte hospitalar. Militares levaram o presidente Mamadou Tandja e detiveram vários membros do governo, confirmaram à AFP dois ministros nigerianos que preferiram não se identificar – eles mesmos retidos.
Um “Conselho supremo para a restauração da democracia” anunciou na rádio estatal do Níger a suspensão da Constituição, depois de um golpe de Estado nesta quinta-feira em Niamei, capital do país. “O Conselho supremo para a restauração da democracia (CSDR), do qual sou porta-voz, decidiu suspender a Constituição da sexta República e dissolver todas as instituições resultantes dela”, anunciou o coronel Goukoye Abdoulakarim.
Ele leu um comunicado na rádio Voz do Sahel. Os militares que abriram fogo contra o palácio presidencial “levaram” o presidente nigerino Mamadou Tandja, alvo de um golpe de Estado que causou vários mortos e feridos nesta quinta-feira em Niamei, anunciaram anteriormente à AFP dois ministros nigerinos que também foram detidos.
O Níger, país produtor de urânio, é uma das nações mais pobres do mundo e desde 1999 é dirigido pelo presidente Mamadou Tandja, que deveria ter-se afastado em 2009, mas promoveu uma emenda constitucional para poder ficar, desatando uma crise política. “O presidente Tandja e seu ajudante de campo estariam presos no quartel de Tondibia”, situado a 20 km da capital, segundo uma fonte. Vários ministros estariam detidos no prédio do Conselho Superior de Comunicação, que fica próximo ao palácio presidencial.
Testemunhas contaram que três ou quatro soldados foram mortos por um obus e seus corpos estavam num blindado destruído, estacionado na tarde desta quinta-feira diante do hospital de Niamei. “Isso aconteceu diante de mim; vi um míssil destruir completamente o teto do veículo e três ou quatro soldados ficarem despedaçados, contou um homem. Uma fonte hospitalar declarou por sua vez ter visto “pelo menos dez militares feridos”, no setor de urgência.
Segundo um diplomata francês, que preferiu não se identificar, a guarda presidencial participou do Golpe. “Sabíamos que uma parte do exército desaprovava Tandja e seu golpe de força constitucional; pensávamos, até agora, que esta parte era minoria”, acrescentou.
Depois de dez anos no poder, Tandja dissolveu no ano passado o parlamento e o Tribunal Constitucional e conseguiu uma polêmica prorrogação de seu mandato por mais três anos. A oposição, que boicotou esta consulta e as eleições legislativas de outubro, denunciou um golpe de Estado. E a comunidade internacional chegou a censurar a forma de proceder do Presidente.