O Nepal se encontra paralisado por uma greve geral esta segunda-feira, pelo segundo dia consecutivo, após convocação dos opositores maoístas que pedem progressos no processo de paz neste país pobre do Himalaia. Todos os comércios, escolas e repartições públicas estão fechadas e as ruas praticamente vazias em Katmandu e outras cidades, enquanto que milhares de pessoas se manifestam em várias regiões do país.
“Nossa greve é pacífica, mas se não houver acordo, não teremos outra opção a não ser a rebelião”, afirmou à AFP um manifestante maoísta na periferia de Katmandu, Chetan Sapkota. As lideranças das manifestações autorizaram, no entanto, a circulação de ambulâncias, caminhões de lixo e jornalistas. Os habitantes foram aconselhados a ficar em suas casas com exceção de duas horas por noite para fazer compras.
Os maoístas, que têm maioria na Assembleia Constituinte, pedem que a frágil coalizão governamental, no poder em maio de 2009, seja substituída por um governo liderado por eles. Os parlamentares têm até 28 de maio para redigir uma nova Constituição, a qual, segundo os analistas, será crucial para assegurar uma paz duradoura entre os ex-rebeldes maoístas e o Estado, mas poucos acreditam que esse prazo possa ser respeitado.
As guerrilhas maoístas e o Estado do Nepal travaram uma violenta guerra civil durante dez anos, deixando 16.000 mortos entre 1996 e 2006. Os maoístas venceram as eleições de abril de 2008, abolindo na ocasião a monarquia, mas o govero caiu oito meses depois. Mais de 100.000 maoístas se manifestaram em katmandu no sábado para protestar contra o governo.
Num discurso televisivo, o atual primeiro-ministro, Madhav Kumar Nepal, disse que a greve geral não é uma solução para o problema e que a única alternativa é um consenso entre todos os partidos.