Face à insustentabilidade do Projecto de Desenvolvimento e Implementação da Via Fluvial Chire-Zambeze proposto pelo Malawi, o Governo moçambicano, para além da utilização dos corredores da Beira e de Nacala, propôs às autoridades malawianas três alternativas, nomeadamente a religação do sistema ferroviário do Malawi à Linha de Sena, a ligação do Porto de N`Sanje(Malawi) ao futuro Corredor de Macuse e a utilização do Corredor Blantyre-Milange-Mocuba-Porto de Quelimane.
O estudo de viabilidade sobre a navegabilidade, realizado pela empresa de consultoria internacional Hydroplan, seleccionada pelo Malawi, Moçambique e Zâmbia, concluiu, em Novembro de 2015, que o troço Chire-Zambeze não é comercialmente navegável no seu estado natural.
Numa conferência de imprensa realizada, na quinta-feira, 1 de Junho, em Maputo, o representante do Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC) no Projecto, Jafar da Conceição Ruby, referiu que o estudo concluiu, igualmente, que o ilimitado volume de carga transferível (277.200 toneladas por ano) para a via fluvial e os altos custos envolvidos na dragagem de manutenção do troço (30 milhões de dólares por ano) e na remoção das plantas (50 milhões de dólares por ano) demonstram que o projecto não tem viabilidade económica.
“As três alternativas propostas pelo Governo moçambicano, incluindo a utilização dos corredores da Beira e de Nacala, são relativamente mais baratas do que a via fluvial”, indicou Jafar da Conceição Ruby, sublinhando que a relação custo-benefício demonstra que não há sustentabilidade do projecto malawiano.
Mais, segundo acrescentou o representante do MTC, o estudo refere ainda que as investigações técnica, social, económica e da avaliação dos impactos ecológicos e ambientais, mostram que o projecto de navegabilidade dos rios Chire e Zambeze não é viável, nem sustentável a curto, médio ou longo prazos, em comparação com as opções rodoviária e ferroviária.
“Dada a relevância dos aspectos referidos no estudo de viabilidade, cujas conclusões foram aprovadas pelos três Estados, o Governo moçambicano, nos termos do disposto no número 2 do artigo 10 do Memorando de Entendimento sobre esta matéria, notificou às autoridades zambianas e malawianas da sua retirada do referido projecto, com efeitos a partir de Junho de 2016”, disse Jafar da Conceição Ruby.
No entanto, conforme realçou, Moçambique reitera a manutenção do espírito de cooperação iniciado com a assinatura do Protocolo da SADC sobre Transportes, Comunicações e Meteorologia, o Protocolo sobre a Partilha de Recursos Hídricos e da Comissão do Curso Hídrico do Zambeze.
De referir que o Governo do Malawi acusou, recentemente, Moçambique de constituir um obstáculo para a implementação do projecto de navegabilidade sobre os rios Chire e Zambeze, uma iniciativa do falecido ex-presidente malawiano, Bingu wa Mutharika, mentor do Porto de N`Sanje.
Contrariando o estudo realizado pela Hydroplan, o porta-voz do Ministério malawiano das Obras Públicas, James Chakwera é citado pela Imprensa malawiana como tendo dito que um estudo de viabilidade da SADC permitiu ao Governo do Malawi dar início ao projecto da via fluvial.