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Na Coreia do Norte, hackers são uma elite escolhida a dedo

Apesar da pobreza e do isolamento, a Coreia do Norte não tem poupado recursos para a sua sofisticada célula de guerra cibernética chamada Bureau 121, de acordo com dissidentes, num momento em que Pyongyang apareceu no centro de um caso de invasão de computadores da Sony Pictures Entertainment. Um diplomata da Coreia do Norte negou que Pyongyang esteja por trás do ataque, que foi lançado no mês passado, mas uma fonte de segurança nacional dos Estados Unidos disse que os norte-coreanos eram suspeitos.

Dissidentes da Coreia do Norte disseram que o Bureau 121, composto por alguns dos mais talentosos especialistas em computação do Estado, é parte do Escritório Geral de Reconhecimento, uma agência de espionagem de elite, comandada por militares.

Segundo eles, a divisão está envolvida numa campanha de hacking patrocinada pelo Estado, utilizada pelo governo de Pyongyang para espionar e sabotar inimigos. O governo de Pyongyang tem sido activo nas suas capacidades de guerra cibernética, disseram especialistas militares e de segurança de software. Grande parte dos seus alvos está na Coreia do Sul, tecnicamente ainda um Estado em guerra com a Coreia do Norte.

Mas Pyongyang não faz questão de esconder o seu ódio contra os Estados Unidos, que se aliou ao Sul na guerra de 1950 a 1953 na Coreia.

Hackers militares estão entre as pessoas mais talentosas e recompensadas na Coreia do Norte, escolhidas à mão e treinadas a partir dos 17 anos, disse Jang Se-yul, que estudou com eles no colégio militar do país para ciências computacionais, chamado de Universidade da Automação, antes de desertar para o Sul há seis anos.

Falando à Reuters em Seul, ele disse que o Bureau 121 compreende cerca de 1.800 combatentes cibernéticos, e é considerada a elite das forças militares. “Para eles, a arma mais forte é a cibernética. Na Coreia do Norte, é chamada de Guerra Secreta”, disse Jang.

Um dos seus amigos trabalha na equipe internacional da unidade, e é oficialmente um funcionário de uma empresa de trading da Coreia do Norte, disse Jang. O amigo e a sua família receberam um grande apartamento numa zona nobre da capital Pyongyang, segundo Jang. “Ninguém sabe… a sua companhia faz negócios normalmente. É por isso que o que ele faz é de dar medo”, disse Jang.

“O meu amigo, que veio da zona rural, levou toda sua família para Pyongyang. Incentivos para especialistas da Coreia do Norte são muito grandes… eles são ricos em Pyongyang.”

Ele disse que os hackers no Bureau 121 estavam entre os 100 alunos que se formam da Universidade da Automação a cada ano, após cinco anos de estudos. Mais de 2.500 se candidatam para vagas na instituição, cujo campus fica em Pyongyang, por trás arame farpado.

“Eles são escolhidos a dedo”, disse Kim Heung-kwang, um ex-professor de ciências da computação na Coreia do Norte, que desertou para o Sul em 2004, referindo-se aos hackers do Estado. “É uma grande honra para eles. É um trabalho de colarinho branco e as pessoas têm fantasias com ele.”

O site de tecnologia Re/Code relatou na quarta-feira que a Sony pretende nomear a Coreia do Norte como fonte do ataque. Mas, questionada sobre a reportagem, uma porta-voz da Sony disse que nenhum anúncio seria feito. A companhia recusou tecer comentários na quinta-feira.

A Sony Pictures, uma unidade da japonesa Sony, é a distribuidora de “A Entrevista”, uma comédia que estreará neste ano que fala de uma trama para assassinar o líder norte-coreano Kim Jong Un. A Coreia do Norte descreveu o filme como um “acto de guerra”.

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