Mais de 50 mulheres foram mantidas em cárcere privado no Salão Nobre do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, por mais de duas horas, na manhã do último domingo (31), alegadamente por terem depositado lixo na entrada principal daquelas instalações, como forma de reivindicarem o pagamento de subsídios por terem participado numa iniciativa de limpeza da urbe. O nosso repórter que fazia a cobertura destes acontecimentos foi agredido fisicamente por alguns agentes de segurança do Município.
As vítimas fazem parte de mais de três mil munícipes, maioritariamente mulheres, recrutados para fazer a limpeza da cidade de Nampula, após a tomada de posse do novo edil, Mahamudo Amurane, na primeira quinzena de Fevereiro passado, no âmbito do projecto “Warya Wa Wamphula”.
Trata-se de um caso que se arrasta desde aquela data e as pessoas envolvidas na iniciativa, que visava remover os resíduos sólidos em todas as ruas da urbe sob gestão do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), foram recrutadas sem qualquer garantia de compensação.
Volvido algum tempo, elas mostraram-se agastadas pelo facto de não terem sido remuneradas pelo trabalho prestado. A partir dessa altura, os visados iniciaram démarches com vista a pressionar a edilidade a compensá-los.
Depois de meses a fios de espera, há dias, o município decidiu começar a compensar algumas pessoas, as quais se queixam do facto de o valor ser supostamente insignificante (mil meticais). As que ainda não foram abrangidas pelo processo suspeitam de terem sido excluídas; por isso, no último domingo amotinaram-se defronte do edifício da edilidade para exigir o subsídio a que dizem ter direito.
Todavia, o grupo foi recolhido e fechado no Salão Nobre, por volta das 07h00. Na altura em que um repórter do @Verdade fez-se o local para perceber o que se passava, foi alvo de injúrias proferidas pelo delegado provincial do MDM, Rachade Carvalho. “Você vai ver… você vai passar mal… eu sou Rachade”, disse o político repetidas vezes apontando o dedo indicador ao repórter.
Em seguida, o repórter foi agredido fisicamente por alguns agentes de segurança do Conselho Municipal de Nampula, a mando do vereador de Administração e Recursos Humanos, António Gonçalves. “Sai… sai… as senhoras que estão ali [trancadas no Salão Nobre] são nossas. Se o senhor tem objectivos obscuros, vai fazer [pretendia dizer concretizá-los] fora daqui. Segurança, tira ele daqui…”, ordenou Gonçalves e recusou tecer declarações em torno do problema.
Enquanto isso, Rachade Carvalho continua a proferir insultos. Até por volta das 10h00, altura em que a nossa Reportagens se retirou no sítio, as mulheres permaneciam fechadas. Refira-se que o grupo disse que ficaria satisfeito se a subvenção fosse de três mil meticais.