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Município de Nampula deixa ao relento 500 famílias

Mais de 500 famílias do bairro de Murrapaniua, na cidade de Nampula, estão ao relento desde semana passada na sequência da destruição das suas habitações pelo Conselho Municipal local. Este justifica a acção alegando o espaço está reservado ao parcelamento e posterior implantação de um hospital e outra infra-estruturas de utilidade pública.

Porém, o @Verdade apurou que o espaço em causa, ao invés de servir aos propósitos avançados pela Edilidade, passou para um empresário, num conluio entre os funcionários do Município e alguns chefes de quarteirões.

Maria Amélia é uma das vítimas do sucedido. De forma impávida assistiu o sacrifício de mais de dois anos a ser reduzido a nada numa fracção de minutos. Com lágrimas nos olhos questionou: “O que é que nos fizemos para merecer isto?”

À semelhança de Maria Amélia, centenas de pessoas que fixaram residências no bairro de Murrapaniua viram as suas habitações a serem reduzidas a escombros. As vítimas contaram-nos que os terrenos, que agora passam supostamente para o Município da cidade de Nampula, foram comprados junto do secretário de bairro identificado por Mathite e de alguns funcionários do Município, num valor que varia de três a sete mil meticais.

Estélio Mário, 20 anos de idade, afirmou que comprou o espaço na tentativa de ter uma habitação uma vez que arredava uma residência precária algures em Nampula. “A destruição das nossas casas foi feita na terça-feira (11) à tarde. Agora dormimos ao relento”, disse visivelmente triste coma situação.

Aliás, no local há quem perdeu os sentidos ao presenciar as demolições. Amstrong Jaime Camela é outro cidadão abrangido pela demolição. Admitiu que a Edilidade teria avisado que ninguém devia erguer casas no bairro de Murrapaniua porque estava em vista um Planos de Ordenamento Territorial no sentido de autorizar aos munícipes construir de forma legal. Porém, passou muito tempo sem que tal plano se efectivasse, o que levou “a população a construir”.

Segundo Muze Matola, a demolição pode ter sido feita por recomendação de alguém do Município como forma usurpar os talhões. “Não vou sossegar enquanto não apresentar o acontecimento à Liga dos Direitos Humanos, delegação de Nampula. Temos filhos e netos que residiam connosco. Para onde vamos porque todos os que compraram estes espaços viviam em casas arrendadas?”, questionou.

Trezentos talhões parcelados

O director do Departamento de Fiscalização no Concelho Municipal da Cidade de Nampula, Victorino dos Santos, disse que a aludida destruição foi feita em cumprimento da fiscalização em curso nos bairros daquela autarquia. Visa dar lugar à implementação de um Plano Ordenamento Territorial.

Entretanto, o @Verdade apurou igualmente que o Município não dispõe de espaço para albergar as famílias desalojadas. Decorre uma investigação para se descobrir os funcionários que estiveram envolvidos na venda dos talhões ora na origem do mal-estar entre a Edilidade e os munícipes.

O @Verdade contactou, telefonicamente, a partir da capital do país, o Município da Cidade de Nampula, do qual ficou a saber no espaço onde ocorreram as demolições já foram parcelados 300 talhões.

No comunicado de imprensa facultado a este jornal facultou, consta que o parcelamento está ainda em curso. Mas antes do seu término “fomos surpreendidos com a invasão do espaço por pessoas, muitas delas vindas de outros bairros e iniciaram construções de forma desordenada”.

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