Os cientistas envolvidos na caçada à misteriosa partícula subatómica chamada bóson de Higgs devem anunciar, próxima semana, os resultados que podem confirmar, confundir ou complicar a compreensão sobre a natureza fundamental do universo.
Nunca algo tão pequeno e efémero atraiu tanto interesse. A partícula, descrita apenas teoricamente, explicaria como as estrelas e planetas formaram-se depois do Big Bang, a explosão primordial que criou o universo.
A sua existência, porém, nunca foi comprovada. O centro de pesquisas Cern, nos arredores de Genebra, vai apresentar, próxima Quarta-feira, as suas novas descobertas, depois de relatar os “tentadores vislumbres” em Dezembro.
Os blogueiros científicos e até alguns entre os milhares de físicos envolvidos no projecto especulam que o Cern irá finalmente anunciar a prova definitivamente do bóson de Higgs.
“Ainda é prematuro dizer algo tão definitivo”, disse James Gillies, porta-voz da instituição, acrescentando que as duas equipes envolvidas ainda estão analisando os dados, e que qualquer conclusão só será possível depois de confrontar os dois relatórios.
A experiência acontece no Grande Colisor de Hádrons, maior e mais poderoso acelerador de partículas do mundo, um tubo circular de 27 quilómetros de perímetro, enterrado cem metros abaixo do solo, sob a fronteira franco-suíça.
Dois feixes de energia são disparados em direcções opostas, e o seu encontro gera milhões de colisões de partículas por segundo, recriando efemeramente as condições ocorridas uma fracção de segundo depois do Big Bang.
A enorme quantidade de dados resultante é examinada por um exército de computadores. Mas é um processo complicado. Entre bilhões de colisões, pouquíssimas são adequadas para revelar o bóson de Higgs.
“É como lançar melancias umas contra as outras, tentando obter a colisão perfeita para duas das sementes no interior”, diz Jordan Nash, membro duma das equipes envolvidas no trabalho.
Num mundo em crise financeira, muitos questionam a utilidade duma experiência como essa, num equipamento que custou cerca de 3 bilhões de euros.
Nash disse que a pesquisa é muito vanguardista e incipiente para resultar em descobertas práticas, e que no actual estágio o que lhe move é a sede de conhecimento, algo que o cientista acha que o público é capaz de compreender.
“Quando converso com taxistas ou mestres de obras, eles nunca me perguntam isso.”