10 de Junho quinta-feira, um dia antes da bola rolar nos relvados sul africanos, o Orlando Stadium, em Soweto, viu aquilo que o planeta vai ver nos próximos 31 dias: muita alegria! Num espectáculos de três horas, repleto de astros da música internacional, o Mundial começou prometendo deixar como maior legado a educação e exaltando o líder Nelson Mandela.
Diante de um público de mais de 36 mil pessoas, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, abriram as cortinas do espetáculo. ” Estou muito feliz em estar aqui. O futebol une os povos. A meta de toda esta festa é a educação para todos – disse Blatter.
Zuma agradeceu à Fifa por ter escolhido a África do Sul, como sede da Copa do Mundo de 2010 e poder dar a quase 50 milhões de pessoas a oportunidade de viver um sonho que talvez fosse impensável para a esmagadora maioria delas. “Hoje conseguimos provar que a África tem capacidade de organizar um evento de proporção mundial. E peço que todos vocês mostrem esse calor aos visitantes até o dia em que eles forem embora daqui. A África é a sede. A África é o palco. A África é “cool” !!!
De seguida os ecráns do Orlando Stadium exibiram um filme com diversas personalidades do futebol dando voz pela campanha de educação “Um Gol(golo/objectivo). Educação Para Todos!”.
Depois começou a festa! E sem as vuvuzelas, não permitidas neste espectáculo para que o barulho não atrapalhasse os artistas e suas músicas. Perguntando “onde está o amor?” os Black Eyed Peas entroram no palco. Na voz de Fergie, a banda norte-americana animou o público com quatro dos seus maiores sucessos: “Pump It Up”, “Meet Me Halfway”, “Boom Boom Pow” e “I Gotta Feeling”.
Depois, foi a vez de Amadou & Mariam, uma dupla de cegos do Mali, com duas músicas. Novamente, uma pausa para outro filme. Novamente, sobre educação. Com o ecrán dividido em dois mostrando a caminhada de Mary e Susan do nascimento até os 24 anos. A primeira, sem nenhum acesso aos estudos. A segunda, criada num mundo de livros, apostilas e escolas. O fim das duas não seria difícil de prever e o filme termina com ambas num hospital: Mary, miserável, acaba de perder o seu bebê; Susan era a médica de serviço.
Trajado com o uniforme dos Bafana Bafana, o prêmio Nobel da Paz de 1984 roubou a cena seguinte. Dançando, cantando, rindo e fazendo rir, o arcebispo parecia não acreditar no que estava acontecendo. Por mais de uma vez ele disse “estou a sonhar, alguém pode acordar-me?”. E não poupou elogios a àquele que é o grande responsável pelo país estar respirando alegria depois de tanto tempo de sofrimento. “Estamos em Soweto e ele está em Joanesburgo, mas se gritarmos ele vai ouvir: Mandeeeeeela!!!, Viva, Madibaaaaaaa!” ordenou Tutu, o chamamento pelo apelido carinhoso e obviamente atendido por todos.
Sem dúvida nenhuma que Nelson Mandela, no bairro de Houghton, ouviu tão alto que ecoaram as milhares de vozes presente. No ecrán Mandela, um curto vídeo mostrou momentos do grande líder: “advogado, boxista, marido, pai, revolucionário…”. Muitos na plateia choraram!
O espectáculo continuou comJuanes, que levantou o público com seu ritmo latino, Alicia Keys e John Legend embalaram todos com suas canções, e o somali K´Naan, anunciado pelo ex-jogador brasileiro Sócrates, fez a multidão explodir em bandeiras com o seu “Wavin’ Flag”, um dos hinos destae Mundial.
Cheia de curvas e rebolado, a colombiana Shakira fechou com chave de ouro a cerimônia. E todos despediram-se, com fogos de artifício no frio céu de Soweto (estavam 10 graus), ao som de mais um tema do Mundial: “Waka Waka (This Time For Africa)”.
Hoje a bola vai rolar no Soccer City apartir das 16 horas e, até ao dia 11 de julho, o país estará em alegria, é o primeiro dia do resto da história de Àfrica.