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Multidão e tiros desafiam monitores árabes na Síria

Monitores da Liga Árabe na Síria enfrentaram multidões acaloradas, tiros e explosões durante a sua segunda visita a Homs, Quarta-feira, conforme vídeos divulgados por activistas pela Internet.

“Quem mata sua gente é traidor”, gritava a multidão num desses vídeos, cercando o carro dos monitores em Homs, epicentro dos protestos dos últimos nove meses contra o governo de Bashar al Assad.

Noutro vídeo, os monitores, com trajes cor de laranja, corriam para trás de um prédio em meio a explosões e tiros. É impossível verificar o contexto dessas imagens, já que a imprensa estrangeira foi quase toda expulsa da Síria.

Os observadores da Liga Árabe estão na Síria para avaliar a implementação de um acordo de paz pelo qual Assad compromete-se a encerrar a repressão militar contra os manifestantes, libertar presos políticos e iniciar um diálogo com a oposição.

Os protestos pacíficos dos últimos meses na Síria vêm, gradualmente, a dar lugar a confrontos armados, inclusive com a participação de militares desertores. Vários bairros de Homs foram bombardeados por tanques e morteiros como parte da repressão governamental ao movimento pró-democracia, que, segundo a ONU, já deixou mais de 5.000 mortos.

Antes desses incidentes, o chefe da missão árabe disse não ter visto “nada de assustador” na sua primeira visita a Homs, Terça-feira. A França qualificou de prematura a avaliação do general sudanês Mustafa Dabi, e pediu à Síria que garantisse liberdade total de movimentos aos monitores.

“Quando vocês estiveram em Homs ontem, 15 pessoas morreram. Não estamos a nos beneficiar da vossa presença”, gritou o activista Khaled Abu Salah para os monitores, Quarta-feira, no bairro de Baba Amr, como mostra um dos vídeos.

A Liga Árabe disse que a missão precisa de aproximadamente uma semana para determinar se Assad cumpriu a sua parte no acordo. Falando à Reuters ao telefone, de Damasco, Dabi disse que a sua equipe, composta por cerca de 20 integrantes, ainda passará muito tempo a investigar a situação.

Os EUA também pediram paciência. “Foi só o Dia 1”, disse Mark Toner, porta-voz do Departamento de Estado. “Precisamos de permitir que essa missão esteja a funcionar. Que faça o seu trabalho e então nos ofereça o seu julgamento.”

Quarta-feira também, a TV estatal síria disse que o governo libertou 755 pessoas detidas nos distúrbios, e “cujas mãos não estavam manchadas de sangue sírio”. Milhares de outros activistas continuam presos.

A entidade de direitos humanos, Human Rights Watch, acusou as autoridades sírias de transferirem centenas de presos para instalações militares inacessíveis aos monitores da Liga Árabe. A ONG disse que os monitores precisam de insistir para terem pleno acesso a todos os centros penitenciários.

O livre acesso aos locais e a possibilidade de ouvir depoimentos sem coação são cruciais para o sucesso da missão árabe. Quarta-feira, os monitores enfrentaram um empecilho quando os moradores de Baba Amr se recusaram a conversar na presença de um coronel do Exército sírio.

Os monitores, mais tarde, voltaram ao bairro sem escolta, mas tiveram de abortar a tentativa de verificar uma área onde moradores acreditam que haja presos escondidos, porque um tiroteio começou nos arredores, disseram activistas à Reuters, ao telefone.

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