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Mulheres ainda não têm acesso ao preservativo feminino

A disponibilidade e o acesso ao preservativo feminino ainda são fracos, apesar de ser de distribuição gratuita. Esta foi a conclusão a que se chegou durante a Conferência Nacional sobre o Uso do Preservativo Feminino, que decorreu durante os dias 15 e 16 de Março na cidade de Maputo.

Segundo a coordenadora do programa de direitos sexuais do Fórum Mulher, Maira Rodrigues, actualmente, só o Sistema Nacional de Saúde é que distribui este tipo de contraceptivo, daí que seja difícil encontrá-lo nas farmácias, sobretudo nas privadas.

“Se os preservativos femininos fossem distribuídos nos mesmos moldes que os masculinos, teríamos um cenário diferente. Muitas mulheres estariam a usá-los nas suas relações sexuais”.

Uma questão também levantada durante o encontro foi o facto de o preservativo feminino ser pouco usado, inclusive por pessoas que a ele têm acesso.

“Nós sentimos que existem muitos mitos, tabus e preconceitos à volta do uso do preservativo feminino. Algumas mulheres dizem que é grande, outras dizem ser muito rijo, o que pode provocar ferimentos. É preciso combater este tipo de abordagens, pois fazem com que muitas mulheres não aceitem este contraceptivo” afirma Maira.

“Nunca usei o preservativo”

Aida Langa, uma das participantes no encontro, e oriunda da província de Nampula, disse que tem 28 anos de idade e nunca usou o preservativo feminino, “não por falta de acesso, mas porque não me vejo a introduzi-lo no meu órgão genital, dá-me uma sensação de medo por ser rijo e grande. Ele tem um anel no fundo que, se calhar, pode causar ferimentos. Agora vejo que ele não representa nenhum risco”.

Se para Aida o acesso não é problema, não se pode dizer o mesmo em relação a Anita Baúque, proveniente da província de Gaza.

“Eu vivo na periferia da cidade de Xai- Xai, onde nunca se ouviu falar do preservativo feminino. Muitas mulheres não fazem a mínima ideia da existência deste contraceptivo”, comenta acrescentando que esse desconhecimento se replica por outras partes do país, sobretudo nas zonas recônditas, onde há dificuldades de acesso à informação.

“Os preconceitos quebram-se em casa, junto à família”

A coordenadora nacional do Comité da Mulher e do Jovem da Organização Nacional dos Professores (ONP), Maria Paula da Vera Cruz, defende que os preconceitos e tabus que giram em torno do uso do preservativo feminino devem ser quebrados em casa, junto à família.

Para tal, segundo Marília Vera Cruz, “é necessário que haja abertura entre mães e filhas, o que pressupõe a existência de diálogo sobre a saúde sexual e reprodutiva da mulher. Existem mães que sabem da importância do preservativo feminino, mas que não passam a informação às suas filhas”.

Entretanto, esta professora defende ainda que deviam ser promovidas sobre a saúde sexual e reprodutiva da mulher, cujo foco seria o uso do preservativo feminino. “Se as mães não são abertas para com as suas filhas, talvez o possam ser com as suas colegas ou professoras. Daí que sugiro a realização de palestras sobre o assunto durante o período da reunião de turma”.

Uma batalha longe de ser vencida?

Daniel Dava, activista da Geração Biz, participou no encontro e considera que ainda há muito que se fazer para persuadir ou convencer as mulheres a usarem este tipo de contraceptivo.

Para Daniel Dava, as mulheres (mais) jovens é que devem ser o alvo de palestras ou campanhas de sensibilização para o uso do preservativo feminino, pois elas são as mais vulneráveis, não só a gravidezes prematuras ou indesejadas, como também a doenças de transmissão sexual.

Dava disse que a rejeição dos preservativos femininos pode dever-se a dois factores, nomeadamente a fraca disponibilidade dos mesmos no mercado e a falta de informação.

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