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Muhamad Bashir pondera apresentar-se as autoridades de Washington

Muhamad Bashir Sulemane, o empresário moçambicano cujo nome figura numa lista de “barões da droga”, divulgada em Junho pelo Departamento de Tesouro dos EUA, pondera apresentar-se de motu proprio à justiça norte-americana; o seu propósito aparente é o de prestar informações que contribuam para o esclarecimento do caso – de efeitos nitidamente ruinosos para si próprio.

Informações oriundas de fontes que lhe são próximas (família) sugerem que MB Sulemane nega ter estado directamente ligado ao tráfico de drogas, mas admite, com reservas, a prática de operações de lavagem de dinheiro através da importação de utensílios domésticos e electrónicos a fabricantes árabes (proveitos respectivos eventualmente partilhados com uma organização de natureza irregular/clandestina).

Máximo Dias, seu advogado neste caso (é também de outros indivíduos acusados de envolvimento em casos relacionados com narcotráfico), dá a entender em ambientes privados que já contactou com juristas norteamericanos no sentido de saber quais os procedimentos a adoptar para acções destinadas a “esclarecer” a situação do seu cliente. A divulgação de listas de implicados no narcotráfico, com imposição aos mesmos de “medidas restritivas”, é considerada uma forma superior de pressão dos EUA sobre os países africanos, em geral, sendo a mesma ditada pela convicção de que parte dos seus lucros se destina a financiar a Al-Qaeda, que assim compensa “limitações operacionais” com que passou a deparar noutras partes do mundo.

2.MB Sulemane, que era convidado habitual das grandes cerimónias do partido FRELIMO e do Governo, não compareceu em nenhum acto oficial comemorativo dos 35 anos da Independência de Moçambique; manifesta amargura por algo que diz ter sido a ausência de qualquer gesto de solidariedade por parte da FRELIMO – que apoiou generosamente (a expressão corrente é milhões de dólares) – nas três últimas campanhas eleitorais.

Os três principais bancos do país, Millennium-Bim, BCI e Barclays, informaram-no da indisponibilidade em continuar a fazer transacções comerciais em moeda externa, e procederam ao encerramento de balcões de que dispunham no seu centro comercial, Maputo Shopping Center, na baixa da cidade.

3. As operações de lavagem de dinheiro, baseadas em transacções comerciais, que supostamente exercia em conexão com “interesses obscuros”, eram favorecidas por “acções de influência e charme” traduzidas em ofertas de vulto a obras de caridade ou viaturas e casas luxuosas a artistas e altos funcionários, incluindo, conforme voz corrente, o financiamento oculto de actividades da FRELIMO. Na campanha eleitoral de 2009, MB Sulemane pagou, durante 45 dias, o equivalente a USD 15 a cada um dos milhares de brigadistas do partido; suportou os encargos decorrentes do emprego de uma frota de helicópteros ao serviço do então candidato presidencial Arman- do Guebuza, e importou a expensas suas uma grande variedade de material de propaganda eleitoral. As suas ligações ao partido no poder (natureza e desígnio das mesmas porventura não conhecidos dos seus dirigentes) remontam ao tempo da presidência de Joaquim Chissano; começou, então, por financiar projectos sociais liderados por Marcelina Chissano, esposa do antigo chefe de Estado.

4. De acordo com informações fiáveis, as Alfândegas de Moçambique tinham há anos instruções superiores para não inspeccionarem os contentores importados por MB Sulemane; havia semanas em que chegavam aos portos de Maputo e Nacala mais de 50, de uma só vez. Há apenas 15 anos MB Sulemane tinha uma modesta loja de retalho numa pequena localidade da província de Nampula; posteriormente mudou- se para a cidade portuária de Nacala, um facto ocorrido em coincidência temporal com o período em que volumosas quantidades de droga foram apreendidas pela Polícia moçambicana, sem que a justiça identificasse o seu verdadeiro dono.

Em finais da década de 1990, MB Sulemane instalouse em Maputo para se lançar em actividades comerciais de grande aparato (era-lhe reconhecida propensão para a ostentação) e baseadas numa cultura de baixos preços praticados na venda de electrodomésticos e utensílios electrónicos. A comunidade muçulmana dedicada ao negócio formal em Moçambique tem-se mostrado “aliviada” com a acusação feita a MB Sulemane; vê a mesma como um facto que permitiu distinguir a normalidade do seu modo de vida da anormalidade do visado pelas autoridades norte-americanas. * in Africa Monitor Intelligence

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