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Muakiua: O eldourado dos madeireiros furtivos

Muakiua: O eldourado dos madeireiros furtivos

A sensivelmente 80 quilómetros da cidade de Mocuba localiza-se o povoado de Muakiua, posto administrativo de Mugeba, distrito de Mocuba, na província da Zambézia. A região é rica em espécies florestais, nomeadamente o pau-ferro, umbila, entre outros, além de dispor de solos férteis. Porém, naquela zona, a exploração ilegal desenfreada de recursos florestais é o pão de cada dia. É, na verdade, a “terra prometida” dos madeireiros furtivos.

A primeira impressão com que se fica do povoado de Muakiua é de que nada é feito pelas estruturas locais com vista a travar o elevado índice de corte indiscriminado de espécies florestais de grande valor económico. Florestas em risco de extinção e biodiversidade degradada são as principais características daquela circunscrição geográfica. O povoado, dominado pela exploração ilegal de madeira, tem vindo a perder a reputação de um local rico em pau-ferro.

Há alguns anos, a região era considerada uma zona especial pelo facto de possuir espécie florestal mais valiosa da província da Zambézia. Refira-se que a Zona Económica Especial de Mocuba contempla o povoado em alusão. Com características tipicamente rurais, Muakiua é um dos pontos mais visitados pelos empresários instalados nas circunscrições da urbe que se dedicam ao contrabando de madeira.

Sem nenhum potencial turístico atractivo, o povoado carece de intervenção das autoridades no sector das Florestas e Fauna Bravia, com vista a repor a ordem. Situação constrangedora é que o povoado se tornou, de uns tempos para cá, um local que só é usado para o enriquecimento ilícito. A população, que por sinal colabora significativamente para o abate ilegal de espécies florestais, é que paga a factura, vivendo em condições deploráveis.

O @Verdade deslocou-se até ao povoado de Muakiua. Os moradores daquela circunscrição geográfica explicaram como tem sido a actividade que, ao invés de beneficiar a comunidade, enriquece os madeireiros furtivos. Conversámos com um indivíduo que se dedica ao abate de árvores há cinco anos, colaborando nas redes de exploração ilegal de madeira. Apurámos que a cada toro abatido de uma espécie florestal, os nativos cobram 100 meticais e alguns produtos alimentares.

Os fiscais dos Serviços Distritais das Actividades Económicas (SDAE) de Mocuba desdobram-se no sentido de reduzir o índice do corte indiscriminado de toros de grande valor económico, mas a situação está fora do controlo do sector de Florestas e Fauna Bravia da Direcção Provincial da Agricultura da Zambézia, pois os indivíduos recolhem os toros na calada da noite e passam por vias clandestinas.

Durante os primeiros seis meses do ano em curso, os fiscais dos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia apreenderam centenas de toros de pau-ferro e aplicaram multas que ultrapassaram três milhões de meticais. Refira-se que as multas variam de acordo com a situação, chegando a atingir 500 mil meticais. Com um total de nove operadores com licenças para a exploração de espécies florestais, dos quais seis concessionários e três titulares de licenças simples, o distrito dispõe de 10 técnicos de fiscalização, incluindo alguns líderes comunitários para o controlo de uma área de mais três mil hectares.

Serviços de Educação e Saúde precários

No povoado de Muaquiua, o acesso a educação é deficitária. Numa zona em que as espécies florestais são exploradas desenfreadamente, os petizes que procurar erradicar o analfabetismo sentam no chão, além de não terem instalações dignas para a sua formação. Os serviços de Educação são ineficientes para à demanda do crescimento do número de indivíduos em idade escolar. As poucas instituições de ensino existentes não têm mobiliário escolar.

Os docentes e o corpo administrativo, na sua maioria, residem na cidade de Mocuba, devido às condições de vida naquela região. Os cuidados sanitários estão aquém de às necessidades da população daquele povoado. Porém, não existem postos de saúde, apenas funcionam clínicas móveis. Falta quase tudo Embora o povoado de Muakiua seja rico em recursos florestais, as condições de vida são precárias. O eterno desafio no acesso a água potável, a falta de estabelecimentos de ensino dignos e unidades sanitárias para a população são os principais problemas que assolam os residentes daquela área.

“Nós vivemos em condições deploráveis. Até parece que o nosso governo nos abandonou. Não temos escolas dignas, os serviços de saúde praticamente inexistentes, apenas exploram os recursos florestais que o povoado possui”, relatou José Abudo, um dos moradores de Muakiua. O @Verdade soube que os líderes comunitários preocupam- se apenas em ganhar dinheiro proveniente de exploração ilegal de espécies florestais. Ao invés de travar a prática, eles promovem a actividade.

O refúgio de arguidos

Nos últimos dias, o povoado de Muaquiua tornou-se o refúgio dos indivíduos que protagonizam desmandos na cidade de Mocuba e outros distritos, por ser uma jurisdição calma e acolhedora, onde todos são bem-vindos. Na quarta-feira (20), a Polícia da República de Moçambique recuperou uma arma de fogo do tipo AKM e quatro munições que estavam na posse de uma quadrilha que se dedicava ao assalto à residências e cidadãos indefesos no distrito de Mocubela. Segundo o comandante da PRM em Mocuba, Filipe Gulete, os arguidos logravam seus intentos e refugiavam-se nas matas de Muakiua.

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