As mortes relacionadas ao tabagismo triplicaram, praticamente, na década passada e grandes empresas de tabaco estão a atrapalhar os esforços públicos que poderiam salvar milhões de vidas, disse um relatório conduzido pelo grupo World Lung Foundation (WLF).
No relatório, que marca o décimo aniversário do primeiro Atlas do Tabaco, a WLF (sigla em inglês para fundação mundial do pulmão) e a Sociedade Americana de Cancro, afirmaram que, se a tendência actual continuar, um bilião de pessoas morrerão pelo uso do tabaco e pela exposição ao cigarro neste século, uma pessoa em cada seis segundos.
O tabaco matou 50 milhões de pessoas nos últimos 10 anos e é responsável por mais de 15 por cento de todas as mortes de indivíduos do sexo masculino e por 7 por cento das mortes de indivíduos do sexo feminino, indicou o novo Atlas do Tabaco (www.tobaccoatlas.org).
Na China, o tabaco já é a principal causa de morte, responsável por 1,2 milhão de mortes por ano, e o número deve subir para 3,5 milhões por ano até 2030, disse o relatório.
Isso faz parte duma mudança mais ampla, dentro da qual os índices de tabagismo no mundo desenvolvido estão a decair, mas os números aumentam nas regiões mais pobres, disse Michael Eriksen, um dos autores do relatório e director do Instituto de Saúde Pública da Georgia State University.
“Se não agirmos, as projecções para o futuro serão ainda mais mórbidas. E o peso das mortes causadas pelo tabaco está cada vez mais no mundo em desenvolvimento, em especial na Ásia, no Oriente Médio e na África”, disse ele numa entrevista.
Quase 80 por cento das pessoas que morrem de doenças relacionadas ao tabagismo agora vêm de países de renda baixa e média.
Na Turquia, 38 por cento das mortes de homens são decorrentes de doenças relacionadas ao tabagismo, embora o cigarro permaneça a principal causa de morte de mulheres norte-americanas também.
O director-executivo da WLF, Peter Baldini, acusou a indústria de tabaco de explorar a ignorância sobre o efeito real do tabagismo e de “desinformar para subverter as políticas de saúde que poderiam salvar milhões de vidas”.