A morte a tiros de dois estudantes universitários na Venezuela levou a uma troca de acusações entre o governo e a oposição, esta terça-feira (11), sobre a causa da violência, aumentando a temperatura depois de um mês de protestos.
As manifestações no país petroleiro resultaram na morte de pelo menos 22 pessoas, mas não parecem ameaçar o governo do presidente socialista Nicolás Maduro, que assumiu há 11 meses.
“Hoje foram assassinados dois companheiros”, escreveu o líder estudantil de oposição Juan Requesens em sua conta no Twitter na madrugada desta terça. “As suas mortes não ficarão impunes. Agora mais do que nunca seguiremos na RUA!”.
O universitário Daniel Tinoco morreu depois de ser atingido por um disparo no peito durante um enfrentamento a tiros em San Cristóbal, uma cidade no oeste da Venezuela duramente afetada por protestos.
A outra morte aconteceu em Ciudad Guayana, no sudeste do país, onde foi assassinado na noite da segunda-feira Angelo Vargas, também identificado como estudante universitário. O governo rapidamente colocou a culpa pelas mortes nos grupos de oposição e pediu “justiça para os caídos”.
“O que querem são mortos… Esse é o motivo no fundo: mortos para provocar a intervenção na Venezuela”, disse o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, o segundo homem em importância no partido governista.
A oposição convocou uma marcha nacional para quarta-feira, quando se completa um mês dos violentos confrontos em Caracas que acirraram os protestos contra o governo. Os críticos responsabilizam o governo de Maduro pela alta inflação, a escassez de produtos básicos e o aumento da criminalidade.
A sua meta, dizem, é convocar um referendo para revogar o mandato do presidente, algo que a Constituição só permite em 2016. Mas o governo os acusa de querer semear o caos para tentar derrubá-lo, seguindo o manual de um breve golpe de Estado contra o falecido presidente Hugo Chávez em 2002.