Michael Jackson, o menino prodígio e gênio da música, que morreu nesta quinta-feira, em Los Angeles, foi um dos astros mais adulados e mais polêmicos dos Estados Unidos.
Catapultado ao estrelato nos anos 80, o cantor ocupava recentemente mais espaço na imprensa por seu comportamento polêmico do que por seus sucessos musicais. Com apenas 4 anos de idade, Jackson já conhecia o sucesso.
Vocalista do grupo Jackson Five – integrado por ele e pelos irmãos – o pequeno cantor transbordava confiança em sua juventude. Mais tardde, com uma pele cada vez mais branca e um nariz modificado bruscamente por várias intervenções cirúrgicas, Jackson em nada lembrava o menino sorridente de outros tempos.
Nascido em 29 de agosto de 1958, o “rei do pop”, como ele próprio se definia, criou uma forma única de dançar e a exibia em seus videoclipes. Seus hits não saíam das rádios.
Em 1982, o cantor lançou o álbum “Thriller”, que vendeu mais de 50 milhões de cópias em todo o mundo e lhe valeu sete prêmios Grammy. Contratos de publicidade com a fabricante de refrigerantes Pepsi e a gigante de eletrônicos Sony renderam a Jackson uma enorme fortuna.
Enquanto a carreira do cantor crescia vertiginosamente, os rumores envolvendo sua vida pessoal chamavam a atenção da imprensa.
Em agosto de 1993, acusações de abuso contra um menino de 13 anos obrigaram Jackson a interromper uma turnê mundial no meio da divulgação de várias histórias, incluindo a admissão de que o menino realmente tinha passado a noite no rancho Neverland.
O cantor, que admitiu o vício de analgésicos e tranqüilizantes, fez um acordo com a família do menino em 1994. O valor não foi revelado, mas segundo a imprensa teria sido de mais de 25 milhões de dólares. O escândalo ocorreu pouco depois de Jackson ter voltado às manchetes dos jornais, ao anunciar seu casamento com Lisa Marie Presley, filha do “rei do rock”, herdeira de uma fortuna estimada em cem milhões de dólares.
A carreira de Jackson nunca mais foi a mesma. Em junho de 1995, ele lançou o álbum duplo “History, Past, Present and Future – Book I”, que recebeu críticas negativas e teve vendas fracas, apesar de um investimento da Sony Music de 40 milhões de dólares. Ele expressou sua angústia em relação à vida pessoal na canção “Scream”.
A tentativa de Jackson de recuperar seu status, assim como o disco lançado em 2001, “Invincible”, fracassaram. Após a breve união com Presley, Jackson voltou a se casar, em 1997, com Debbie Rowe, enfermeira de 37 anos que conheceu ao submeter-se a uma cirurgia plástica. Eles tiveram dois filhos – Prince Michael Jr. e Paris Michael Katherine – antes de se divorciarem, em 1999.
Jackson tinha a guarda das duas crianças tendo sido duramente criticado por balançar o filho Prince na janela do quarto de um hotel em Berlim. Até alguns anos atrás, Jackson era um fenômeno da indústria do espetáculo, um pioneiro da indústria do videoclipe e um multimilionário que comprou os direitos das canções dos Beatles.
O cantor, com fortuna avaliada em cerca de 700 milhões de dólares, voltou a ser notícia, após as revelações de que dormia com crianças e estaria na ruína. O escândalo e seus problemas com a justiça mancharam sua imagem, apesar de ter sido absolvido, em junho de 2005. Neste meio tempo, sua fortuna encolheu, obrigando, em 2006, o cantor a reestruturar uma dívida de cerca de 170 milhões de dólares, segundo a imprensa americana, oferecendo à Sony uma opção de compra da metade de seu prestigiado catálogo musical.
Pequena vitória num oceano de contrariedades financeiras, ele obteve, recentemente, o cancelamento de uma venda de seus objetos pessoais que deveria ser organizada pela Casa de Leilões Julien’s, na Califórnia. Michael Jackson assegurou trabalhar num novo álbum mas nada foi concretizado.