Moçambique integra um grupo de países africanos que irão beneficiar de uma nova aliança de segurança alimentar financiada pelo grupo dos oito países mais industrializados do mundo (G8), anunciou, Quinta-feira (19), em Maputo, o Director-geral da Organização Mundial da Alimentação e Agricultura (FAO), José Graciano da Silva.
Falando aos jornalistas minutos após uma audiência com o Chefe do Estado moçambicano, Armando Guebuza, Graciano da Silva, disse que nova aliança contempla um total de oito países africanos e foi proposta pelo G8.“Nós estamos agora a começar a elaborar esse projecto em detalhe para podermos receber os recursos”, disse Silva, anotando que esse trabalho arrancou este mês e é suportado com fundos próprios da FAO.
O Director-geral da FAO não revelou os financiamentos desta nova aliança, justificando que tudo irá depender do trabalho em curso que visa determinar os projectos e áreas de investimentos necessários.
A FAO está presente em Moçambique há longos anos, financiando programas na agricultura, sobretudo no sector familiar.
Nos próximos anos, a organização vai também apoiar um programa de segurança alimentar ao nível regional, inserido na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), uma organização que além de Moçambique, também integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
No encontro com o estadista moçambicano, o Director-geral da FAO disse que ambas as partes também abordaram os conflitos nas regiões de Sahel (uma região localizada entre o deserto de Sahara a norte e o Sudão no sul) e do Corno de África e o seu impacto na segurança alimentar.
“Nós aprendemos agora uma dura lição de que não é possível ter segurança alimentar apenas num único país. Quando um país é cercado por outros onde há fome, as populações migram em busca de melhores condições. Nós temos visto isso, população migrando massivamente do norte de África para as regiões centrais, colocando em risco a estabilidade dos governos”, disse da Silva.
“Chegamos a uma conclusão muito simples, mas muito importante, que onde existe segurança alimentar também existe paz e é muito mais barato prevenir do que remediar. É muito mais barato produzir alimentos, desenvolver agricultura do que ter que enfrentar situações de conflito”, concluiu.