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Moçambique sem efectivos para proteger a fauna e florestas

A caça furtiva e a devastação florestal, duas práticas nocivas sem resposta eficaz para o seu combate, pode acelerar a destruição das zonas de conservação faunística e florestal, em resultado da insuficiência de recursos humanos para travar esses fenómenos que ameaçam extinguir alguns animais e plantas legalmente protegidos.

Para garantir a protecção das áreas de conservação faunística e florestal, Moçambique necessita de 2.500 guardas florestais com formação técnica. Contudo, o país não dispõe deste efectivo porque as acções de especialização de recursos humanos para o efeito são fracas, segundo Simão Joaquim, director nacional de Terras e Florestas no Ministério da Agricultura.

As infracções relacionadas com o armazenamento, transporte e comercialização ilegal de espécies faunísticos e florestais protegidas no país tem vindo a ganhar proporções alarmantes. As dificuldades no combate a estas práticas têm a ver, em parte, com a fragilidade no sistema de controlo, conivência de alguns guardas florestais e aduaneiros com as pessoas que se envolvem em esquemas ilícitos, bem como a reduzida força de protecção.

Noutro desenvolvimento, Simão Joaquim, que falava aos órgãos de comunicação social, esta sexta-feira (02), assegurou que as medidas de punição contidas na Lei das Áreas de Conservação não são suficientes para travar a onda de exportação de cornos de rinocerontes, de elefantes e de outros animais legalmente protegidos. Os caçadores furtivos continuam a abater os animais ilegalmente.

Cerca de 300 pessoas responderam em tribunal, no ano passado, indiciadas de prática de caça ilegal no Parque Nacional de Gorongosa, na província de Sofala. Aliás, segundo Simão Joaquim, semanalmente são desactivadas perto de 20 a 25 armadilhas e são apreendidas diversas armas de fabrico caseiro usadas para o abate de animais.

No primeiro trimestre de 2014, 61 elefantes foram abatidos na Reserva do Niassa por caçadores furtivos, contra 43 de igual período do ano passado, o que representa um aumento de 18 casos, concluiu Simão Joaquim.

Por sua vez, o director-geral da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) no Ministério do Turismo, Abdala Mussa, explicou que a situação narrada por Simão Joaquim poderá pôr em risco a fauna, reduzir os investimentos na área do turismo e afectar toda a economia por se tratar de reserva natural do país.

Situação mais crítica ocorre na Reserva Nacional do Niassa, onde perto de 80 porcento, dos cerca de 40 mil quilómetros quadrados, poderá deixar de ser aproveitada para fins turísticos e de conservação da fauna e flora devido aos fenómenos de queimadas descontroladas e caça furtiva, actos protagonizados por cidadãos moçambicanos e de nacionalidade tanzaniana.

Por dia, três a quatro elefantes são abatidos por caçadores clandestinos na Reserva Nacional do Niassa, avançou Abdala Mussa, para quem estima-se que o Estado moçambicano perde cerca de 120 mil dólares norte-americanos em taxas e outros encargos por causa do abate ilegal daqueles paquidermes.

“As queimadas descontroladas têm impacto negativo em termos de disponibilidade de alimentos para os animais selvagens que abundam no local, o que pode, também, agudizar os casos de conflito homem-animal, a invasão e destruição de campos agrícolas devido à escassez de alimentos dentro da reserva”, assegurou a Mussa.

Refira-se que a situação idêntica ocorre também no Parque Nacional das Quirimbas, na província de Cabo Delgado, onde paquidermes são abatidos e comercializados ilegalmente no mercado asiático.

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