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Moçambique poderá não aproveitar a recuperação da Economia global se não combater a corrupção

Moçambique poderá não aproveitar a recuperação da Economia global se não combater a corrupção

Foto do Fundo Monetário InternacionalDecorre entre esta terça-feira(10) e domingo(15) a Reunião anual conjunta do Fundo Monetário Internacional(FMI) e do Banco Mundial(BM) sob o expectro de uma economia global em recuperação. Embora Christine Lagarde, a directora-geral do FMI, alertado que “a altura certa para reparar o telhado é quando o sol está a brilhar” Moçambique deverá ser dos poucos Países a não aproveitar o momento por causa das decisões do partido Frelimo, que continua a adiar a solução da crise da Dívida Pública que está intimamente ligada com o combate à corrupção, uma das principais causa da Pobreza.

Discursando na semana passada na Universidade de Harvard, Lagarde revelou que a economia mundial deverá crescer mais do que os 3,5% previstos para 2017, em Julho pela instituição que dirige, e os 3,6% projectados para 2018.

As previsões do World Economic Outlook, que serão reveladas esta semana, devem mostrar que 75% dos Países do mundo estarão em recuperação positiva do Produto Interno Bruto, a aceleração mais ampla desde o início da década de acordo com a directora-geral do FMI o que “quer dizer mais empregos e melhoria das condições de vida de muitas pessoas pelo mundo”. Contudo o nosso País está no grupo dos Países que estão a voltar a crescer muito devagar.

O Plano Económico e Social que o Executivo de Filipe Nyusi aprovou para 2018, e que está na Assembleia da República para aprovação, prevê uma regressão dos 5,5% de 2017 para 5,3% no próximo ano. A actividade económica vai contrair nos sectores de Agricultura (4,4% contra 5,9% do ano anterior), Pesca (3,8% contra 4,4% do ano anterior), Indústria Extractiva (13.8% contra 24,0% do ano anterior), Indústria Transformadora (5,0% contra 5,8% do ano anterior) e também na Electricidade e Gás (7,0% contra 8,9% do ano anterior).

Corrupção é uma das principais causas da pobreza

Foto do Fundo Monetário Internacional“É agradável aproveitar o calor da recuperação” afirmou Christine Lagarde no seu discurso na Universidade de Harvard, alertando que “o tempo para reparar o telhado é quando o sol está a brilhar”.

Acontece que o nosso País está literalmente com o telhado despedaçado desde a descoberta dos empréstimos inconstitucionais e ilegais das empresas estatais Proindicus e MAM, que se somaram ao da EMATUM. Apesar da promessa do presidente do partido Frelimo que “o combate à corrupção é o mais urgente e vital de todos os desafios” o facto é que Filipe Nyusi não clarificou que forma essa luta irá acontecer.

Aliás o presidente do partido Frelimo e de Moçambique perdeu a oportunidade de iniciar a resolução da crise da Dívida Pública que passa pelo esclarecimento de como foram usados os mais de 2 biliões de dólares norte-americanos e responder com acções concretas à exortação da Missão do FMI, que esteve no nosso País em Julho passado, e deixou ao Governo o trabalho de casa de “aprimorar o seu plano de acção de reforço da transparência, melhoria da governação, e garantia de responsabilização” dos mentores dos empréstimos ilegais e inconstitucionais. Importa ter presente que as dívidas da EMATUM, Proindicus e MAM, além da violação da Constituição e das leis orçamentais, são a manifestação evidente da corrupção sistémica que afecta o nosso País.

Estudos mostram que as pessoas em várias partes do mundo têm a consciência que o combate a Corrupção é mais importante do que o combate a Pobreza, pois a Corrupção é na verdade uma das principais causas da Pobreza.

Enquanto esta crise não for resolvida Moçambique continuará sem nenhum programa do Fundo Monetário Internacional, interrompido em Abril de 2016, mas pior do que a falta do dinheiro da instituição é a reputação do nosso País que continua a ser arrastada pela lama das finanças globais levando o Executivo a começar por cortar no pouco dinheiro que tem alocado, no Orçamento do Estado, para os sectores sociais que deveriam beneficiar directamente os mais pobres, que são mais de 60% do povo moçambicano.

Recentemente o nosso País foi classificado como o segundo pior no Ranking Global da Competitividade, do Fórum Económico Mundial, justamente por causa da corrupção sistémica que manifesta-se através do suborno, o favoritismo nas decisões dos membros do Governo, a falta de transparência na elaboração de políticas públicas ou a falta de confiança na Justiça afastando os investidores de Moçambique, um País onde a corrupção não é mais uma excepção mas algo normal.

O ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, e o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, deverão encabeçar a delegação do nosso País nesta Reunião Anual onde serão tomadas importantes decisões sobre as políticas globais para o futuro próximo.

A promoção do crescimento inclusivo, a igualdade do género e as mudanças climáticas são três dos principais temas na agenda da Reunião que junta cerca de 13 mil participantes. Estão também na agenda a luta contra a corrupção, os desafios das dívidas soberanas dos Países em Desenvolvimento assim como o futuro da Globalização.

* O @Verdade está em Washington DC à convite do Fundo Monetário Internacional
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