Moçambique ostenta o trágico estatuto de um dos 10 países mais afectados pela SIDA no mundo, com uma taxa de 16,2 porcento no grupo entre os 15 e os 49 anos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
Com este índice de prevalência, Moçambique ultrapassa em dobro a média dos outros países da África subsaariana, a região mais afectada do mundo, com 7,2 porcento. Medidas para combater o HIV nos países lusófonos vão ser debatidas no III Congresso sobre SIDA, organizado pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), entre quarta e sexta-feira, em Lisboa, Portugal. Dos pouco mais de 20 milhões de habitantes, é sabido que pelo menos 1,7 milhão vive com o vírus causador da SIDA.
Entre 2009 e 2010, estima-se que dois porcento da população sejam infectados pelo vírus. Apesar de um enorme esforço financeiro e campanhas de sensibilização da população sobre os riscos do HIV/SIDA, o gráfico sobre a epidemia mostra uma tendência crescente. Feminização do HIV/SIDA Segundo os especialistas, Moçambique regista o chamado fenómeno da “feminização do HIV/ SIDA”, uma vez que as mulheres, a par das crianças, constituem o grupo mais atingido pela doença. Este ano, mais de 44 mil mulheres e 98 mil crianças poderão morrer devido à doença. Ao actual ritmo de infecção, a esperança de vida poderá baixar dos actuais 46 anos para 36.
Os vários estudos sobre a doença apontam a extrema pobreza nas mulheres como um dos principais factores da sua vulnerabilidade ao HIV/SIDA, considerando que a necessidade de sobrevivência lhes reduz a margem de negociar na relação com os parceiros, sobretudo a utilização do preservativo. Nesse sentido, a divulgação, venda acessível e distribuição do preservativo feminino são encaradas como um imperativo para a protecção da mulher moçambicana.
Aposta governamental
O ministro da Saúde de Moçambique, Paulo Ivo Garrido, diz que o Governo aposta na prevenção como “um meio idóneo” para tirar o país do estatuto “extremamente preocupante” de um dos 10 mais afectados pela SIDA. “A situação da SIDA é extremamente preocupante, com uma taxa de infecção de 16 porcento. A aposta é a prevenção, como um meio idóneo de luta contra a doença”, refere Ivo Garrido.
Apesar da gravidade da situação, Moçambique debate- se com “recursos insuficientes” na luta contra a SIDA, acrescenta, reconhecendo que “há uma parte importante do Orçamento do Estado que vai para o combate à doença”. “Não posso ser preciso em relação ao montante, mas é uma fatia importante, contudo insuficiente”, sublinha Ivo Garrido.