A Policia moçambicana (PRM) afasta qualquer possibilidade de existência de “campos de treino de terroristas” no país, segundo alegou um analista dos Serviços de Inteligência norte-americana, citado pelo jornal sul-africano “Sunday Times”. Na sua alegação, o analista norteamericano disse que militares paquistaneses e somalis estão a dirigir campos de treino de terroristas nas províncias de Tete, Centro do país, e Nampula, no Norte, com o plano de perpetrar ataques na Africa do Sul durante o mundial de futebol.
Entretanto, o porta-voz do Comandogeral da PRM, Pedro Cossa, desmentiu essas alegações, afirmando que a Policia conhece todo o território nacional. “Em Moçambique não há campo de treinamento de grupos terroristas. Nós conhecemos o nosso país”, disse Cossa, falando esta segunda-feira, em Maputo, durante o habitual briefing semanal a imprensa.
Cossa disse que estas ameaças são levadas a cabo por determinados “grupos” com interesse de desencorajar a participação massiva de pessoas na festa do campeonato do mundo, a começar na próxima semana, com o pretexto de falta de segurança. “É o que estão a tentar fazer. Mas o mundial na Africa do Sul é uma festa de toda a Africa. É um desafio de todo o mundo e sobretudo dos africanos garantir segurança do mundial”, disse o porta-voz da Policia, sem identificar os tais mal intencionados.
Antes da reacção de Moçambique sobre esta acusação, as autoridades sulafricanas haviam já refutado estas alegações de ameaças terroristas durante o mundial. Na Segunda-feira, o Centro de Junta Operacional e Inteligência, unidade criada para coordenar a segurança do mundial, disse que não havia “ameaças credíveis” e que os atletas e os espectadores estariam seguros, segundo escreveu a agência de notícias “ABC”.
Aquele analista associa a possibilidade de existência das alegadas bases de terroristas ao facto do pais ser uma espécie de corredor de trânsito de muitos imigrantes, na sua maioria ilegais. Nampula é uma espécie de centro destes grupos, onde existe o maior centro de Refugiados (Centro de Marratane) que alberga cerca de seis mil pessoas. Este centro encontra-se a escassos quilómetros da capital provincial, a cidade de Nampula.
A província de Tete é outra porta de entrada de muitos imigrantes ilegais, alguns entram através da fronteira de Zóbue, com o vizinho Malawi, onde também existe um centro de refugiados. As autoridades moçambicanas têm vindo a deter centenas de imigrantes ilegais. Só na semana passada, a Polícia deteve mais de 200 imigrantes ilegais em diversos pontos do país. Mas a PRM diz que o elevado número de imigrantes em circulação no país não deve ser associado a realização do mundial na vizinha Africa do Sul, porque essa realidade foi visível mesmo antes da programação deste evento.
Pedro Cossa disse que a Policia e outras instituições relevantes nesta área estão a trabalhar para combater este fenómeno de imigração ilegal, mas o país ainda se debate com o problema de insuficiência de meios.